Quando você vai até um bar ou restaurante, tudo o que você espera é comer e beber bem, um ambiente agradável tocando uma boa música ou qualquer coisa que não seja arrocha ou sertanejo universitário, pagar um preço justo e receber um atendimento digno.
Nem sempre recebemos esse tratamento, é verdade. Porém, quando isso acontece, sempre desperta em nós a sensação de que somos valorizados e respeitados. E isso já é um motivo forte o suficiente para que você deixe uma gorjeta para aquela pessoa que te atendeu tão bem, mesmo que isso não seja uma obrigação de sua parte.
Mas… e quando você é atendido por um robô? Você deve ou não pagar a gorjeta?
Robô também é gente?
O questionamento moral sobre como devemos tratar um robô em uma situação normal e corrente voltou ao debate quando um usuário do TikTok decidiu frequentar um bar onde um robô estava preparando as bebidas. Algo que será comum em um futuro não muito distante, pois essa é uma das profissões onde os humanos não necessariamente são considerados indispensáveis.
O problema é que esse usuário teve uma surpresa um tanto quanto indigesta no final da experiência: ele se viu obrigado a deixar uma gorjeta para o robô, algo que não necessariamente é uma regra quando o barman ou garçom é um ser humano.
A história um tanto quanto inusitada aconteceu em Las Vegas, e despertou esses questionamentos que estou levantando neste conteúdo. Muitos consideram que não é justo a obrigação do pagamento de propina para um robô da mesma forma que é feita com um ser humano.
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Quanto ao tal bar em Las Vegas, ele é diferenciado justamente por contar com uma série de robôs industriais que foram programados para preparar bebidas. O cliente usa um tablet para realizar o pedido, e a máquina prepara a bebida em poucos minutos.
É sempre importante lembrar que o desenvolvimento da robótica passa pela implementação ou moldagem dos aspectos morais e éticos da inteligência artificial que controla a máquina.
Ou seja, quem programou o robô entende que pagar a gorjeta deve ser uma obrigação por parte do cliente, pois esses profissionais complementam os seus baixos salários com essa contribuição adicional pelos serviços prestados ao cliente.
E é justamente essa programação humana que está desenvolvendo toda a polêmica que inspirou as reclamações por parte do cliente que gravou o vídeo para o TikTok.
O robô não vai ficar com a gorjeta
É bem simples de entender.
Os robôs que trabalham no bar em Las Vegas preparam as bebidas de forma autônoma, recebendo as instruções do cliente que montou o pedido a partir do tablet. Porém, tanto sua inteligência artificial como os comandos básicos para o seu funcionamento passam por uma programação humana.
Ou seja, alguém está controlando tudo por trás das ações do robô. Logo, é um humano quem está cobrando a gorjeta dos clientes para ficar com esse dinheiro. Até porque um robô não possui necessidades econômicas básicas como os humanos, pois não precisam comprar comida, pagar aluguel, contas a vencer ou mandar os filhos para a escola.
Olhando a partir de uma ótica social, substituir os trabalhadores humanos por robôs pode ter um impacto negativo na economia, pois o número de desempregados vai aumentar em nome da maior concentração de renda nas mãos dos donos dos estabelecimentos.
Sem falar no impacto da interação social, já que um dos motivos que levam as pessoas a frequentar um bar é justamente conversar com o barman ou garçom para compartilhar problemas, frustrações ou simplesmente comentar o resultado de um jogo de futebol.
Sem um garçom, Reginaldo Rossi jamais faria tanto sucesso. Pense nisso.
Conclusão
A ideia de ter um bar cheio de robôs pode ser até interessante, mas tem o mesmo efeito prático de ir até um zoológico e encontrar um monte de robôs no lugar de animais.
Além disso, obrigar os clientes a pagar gorjeta para robôs é um pensamento que não deve ser aceito. O esforço realizado por um ser humano é muito maior para realizar o nobre e complexo trabalho de servir a outra pessoa, e a remuneração adicional para uma pessoa é uma espécie desse reconhecimento no atendimento individual e personalizado.
No final das contas, obrigar o pagamento de gorjeta para robôs não faz o menor sentido. E esse cenário não pode ser normalizado, pois estamos falando de um futuro onde nossa relação com o trabalho fica cada vez mais impessoal, com impactos significativos em nossas vidas.