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“Se pode trabalhar em casa, pode trabalhar no escritório” (mesmo com sintomas de gripe)

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Tem chefe que é babaca mesmo. Ainda mais agora que todo mundo descobriu que trabalho remoto e home office significam qualidade de vida e, por tabela, se livrar do chefe babaca o tempo todo.

O caso que vou relatar neste artigo é apenas um exemplo sobre como um chefe imbecil pode complicar a vida de qualquer pessoa. A resposta do padrão diante do pedido de um funcionário doente apenas escancara o fosso que existe entre a percepção de produtividade e a realidade prática.

Muitas pessoas comentaram nas redes sociais sobre o chefe que mandou um “se pode trabalhar em casa, pode trabalhar no escritório” para um funcionário com gripe… depois de uma pandemia!

 

Como aconteceu a falta de bom senso

Tudo começou quando um funcionário que acordou com febre sentiu que estava em condições razoáveis para trabalhar, mas decidiu evitar a exposição a seus colegas e a outras pessoas, optando por trabalhar em casa.

Uma medida sensata depois de tudo o que aconteceu durante a maior crise sanitária global dos últimos 100 anos.

Mas foi essa decisão aparentemente prudente que resultou em uma resposta insensata do seu chefe. No lugar de permitir que o funcionário trabalhasse remotamente em razão da febre, o patrão insistiu que ele fosse ao escritório ou tirasse um dia de licença por doença.

A justificativa do chefe? “Se pode trabalhar em casa, pode trabalhar no escritório”.

O funcionário não teve dúvidas: capturou a conversa e a compartilhou nas redes sociais. E estamos aqui, comentando essa bobagem.

Na captura de tela, o funcionário iniciou a conversa informando:

“Bom dia, hoje vou trabalhar de casa. Tive febre durante a noite e estou com tosse e nariz escorrendo.”

Ele também mencionou que tinha muitos compromissos com parceiros e tarefas a cumprir, demonstrando seu compromisso em continuar trabalhando e manter sua produtividade.

Já o chefe respondeu de forma contundente, alegando que membros da equipe não tinham permissão para trabalhar de casa em circunstâncias semelhantes.

O chefe argumentou:

“Lamento saber que você está com febre, mas é importante que você saiba que a equipe não tem autorização para trabalhar em casa em casos como esse. Fui instruído anteriormente de que, se uma pessoa se sente bem o suficiente para trabalhar em casa, então está bem o suficiente para trabalhar no escritório.”

 

O que o tribunal da internet decidiu

A situação ganhou destaque quando o funcionário compartilhou a captura de tela em sua conta do Instagram, que conta com quase 10.000 seguidores. Ele queria saber a opinião das pessoas sobre a resposta de seu chefe.

A enquete revelou que 68% das pessoas que responderam não consideraram a resposta do chefe razoável, enquanto 10% acreditaram que era uma atitude aceitável. Ou seja, 1 de cada 10 dos seus colegas de trabalho quer que você e os demais se ferrem quando alguém estiver doente.

Está mais do que evidente que existem visões diametralmente opostas entre os interesses dos empregadores sobre a presença de seus funcionários no escritório (mesmo que isso represente um risco à saúde de todos) e as necessidades dos empregados em seguir trabalhando de forma remota quando não estão aptos a comparecer nos locais de trabalho.

Alguns chefes e empregadores consideram reduzir os salários e benefícios dos funcionários que optarem pelo trabalho remoto. E muitos profissionais estão se demitindo em nome de uma melhor qualidade de vida.

É claro que as redes sociais são apenas um recorte de coletivo, e não necessariamente representam a opinião do grande público. Mas não são poucas as pessoas que entendem que a mecânica laboral atual, que prega 40 horas de trabalho semanal de segunda a sexta-feira, com 8 horas de jornada entre 9h e 18h se tornou arcaica e obsoleta.

E considerando o chamado “novo normal”, negligenciar a saúde dos funcionários em nome da produtividade seria considerado crime em qualquer mundo considerado ideal. Mas muitas empresas fazem vista grossa para isso.

Nessas horas, eu agradeço por ser chefe de mim mesmo, e não ter que conviver com esse tipo de situação no meu trabalho.

Até porque eu sou patrão de mim mesmo, e me dou folga quando eu quiser.


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