O trabalho remoto, que atingiu seu ponto mais alto durante a pandemia, parece estar perdendo impulso, conforme grandes empresas agora exigem o retorno de seus funcionários às instalações físicas.
Google, Meta (antiga Facebook) e Lyft são algumas das companhias que abraçaram o modelo remoto, mas que agora sustentam diversos argumentos para justificar a volta ao trabalho presencial.
O novo CEO da Lyft, David Risher, assumiu o cargo há aproximadamente três meses, e sua gestão tem sido marcada por mudanças drásticas. Logo após assumir, ele decidiu desligar mil funcionários do grupo laboral, além de acabar com as políticas de trabalho remoto na empresa.
Mas fez isso usando um argumento inusitado.
Olha… até que é um bom argumento…
Não foi a primeira vez que a Lyft optou por cortes significativos entre os seus funcionários, já que no ano passado a companhia sob a gestão anterior havia demitido 700 pessoas. Porém, Risher elevou a barra ainda mais, eliminando 26% da força de trabalho e fechando mais de 250 vagas ainda não preenchidas.
Para os trabalhadores que permaneceram na empresa, as notícias não foram menos desanimadoras: aumentos e bônus foram retirados como parte do plano de redução de custos, e eles foram instruídos a retornar ao escritório para executarem suas funções.
Mas a melhor parte de tudo isso (ou a pior, se você é um funcionário da Lyft) é o argumento usado pelo executivo para obrigar os funcionários da empresa a voltar ao trabalho.
Quando questionado sobre a razão para a obrigatoriedade do retorno ao escritório, Risher deu uma resposta surpreendente: “por causa dos snacks”.
Isso mesmo que você acabou de ler.
De fato, a oferta de snacks e refeições gratuitas é um dos atrativos que algumas empresas de tecnologia utilizam para incentivar a presença física de seus colaboradores. A Lyft, por exemplo, se orgulha de oferecer benefícios e incentivos “muito interessantes” para seus funcionários, incluindo frutas, iogurtes, barrinhas de proteínas e outras guloseimas.
E eu não posso deixar de reforçar que esses são bons argumentos para ao menos tentar persuadir os funcionários. Se bem que ficar em casa e não ter que se deslocar para o trabalho ainda pode valer mais a pena do que comida de graça.
Comida e frases motivacionais para convencer funcionários
Além da questão dos snacks, a motivação é um dos pilares da gestão de Risher. Durante as reuniões, ele encoraja os funcionários a entoarem frases relacionadas ao trabalho em equipe.
Inclusive, o executivo optou por renomear sua equipe executiva como “equipe impulsada por um propósito”. Essas mudanças têm causado desconforto entre muitos colaboradores da Lyft, que não veem com bons olhos essa nova abordagem.
E nem dá para ser diferente. Isso mais parece coisa de uma seita maluca do que de um escritório corporativo.
Apesar das justificativas apresentadas pelas empresas para o retorno ao trabalho presencial, muitos questionam a efetividade e a real necessidade dessa medida. A pandemia trouxe à tona a viabilidade e a eficiência do trabalho remoto, demonstrando que em muitos casos essa modalidade pode ser tão ou até mais produtiva do que o trabalho presencial.
Por outro lado, há quem defenda o retorno aos escritórios como forma de fortalecer o senso de comunidade e colaboração entre os funcionários. Acredita-se que a interação pessoal possa ser fundamental para o desenvolvimento de ideias inovadoras e o estímulo à criatividade.
Eu insisto que não abro mão do meu home office, mesmo que essa decisão envolva a possibilidade de se obter comida de graça. E as empresas precisam definir se querem produtividade e eficiência ou senso de colaboração entre os funcionários.
E o trabalho remoto permite obter uma eficiência economizando uma grana, já que não precisa fornecer snacks para os funcionários… que vão agradecer em ficar em casa para comer qualquer bobagem.