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Sobre o GP da Austrália de Fórmula 1 (2023)

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OK.

Se eu sobrevivi ao caótico GP da Austrália de Fórmula 1 em 2023, entendo que vale a pena inclusive parar a minha preciosa vida por 30 minutos e escrever um roteiro sobre essa verdadeira hecatombe em forma de corrida de automóveis. E não vou me arrepender disso, pois finalmente tivemos uma corrida de Fórmula 1 onde alguma coisa aconteceu além de uma mais que provável vitória de Max Verstappen.

Não que o holandês que é um cosplay do Sid de A Era do Gelo não tenha feito o que a gente esperava com aquela nave alienígena chamada RB19. Tão logo foi humanamente possível superar Lewis Hamilton com muita facilidade pela tal asa móvel tripla, e o piloto da Red Bull manteve o controle absoluto da corrida para alcançar a sua segunda vitória na temporada.

O que realmente me manteve acordado até às cinco horas da manhã foi todo o resto. As cinco paralisações da corrida, com três bandeiras vermelhas e nada menos que quatro relargadas, incluindo um autêntico Big One no melhor estilo NASCAR na penúltima volta.

Outro motivo para vir até aqui escrever um artigo sobre Fórmula 1 é um pódio composto por campeões mundiais. A Austrália teve o privilégio de receber nada menos que 11 títulos entre os três primeiros colocados, e eu realmente não me lembro quando foi a última vez que uma corrida teve tantos campeões jogando champanhe um no outro. Se é que teve tanta gente campeã no pódio um dia.

Em uma corrida que teve mais de 2h30 de duração (e isso fez com que Sérgio Maurício, narrador da Band, ficasse de saco cheio – e não disfarçou isso de ninguém), temos vencedores e perdedores. E logo de cara, eu digo que o grande vencedor fui eu mesmo, que sobrevivi a tudo isso sem cochilar. Bem diferente das duas primeiras corridas da temporada, onde me dei o direito de recuperar o sono perdido nas últimas voltas de corridas que foram tão emocionantes quanto um discurso do Eduardo Suplicy.

Entre os grandes perdedores do GP da Austrália, quero destacar três que realmente querem esquecer que o último final de semana aconteceu: George Russell, que poderia ter uma sorte melhor se o motor da Mercedes não entrasse em estágio inicial de combustão espontânea, Alexander Albon, que conseguiu colocar a Williams entre os 10 primeiros nos treinos, mas escapou da pista recapeada e bateu, e Charles Leclerc, que com certeza foi na última encarnação algum nazista escroto que cometeu algum tipo de crime hediondo com uma criança judia na frente da fábrica da Ferrari… pois não é possível que um cidadão tenha tenta falta de sorte com o carro vermelho de Maranello.

Sério… LeClerc tem enorme potencial de se tornar o piloto mais azarado da história da Ferrari. Mais que Rubens Barrichello, Felipe Massa, Eddie Irvine ou qualquer outro.

Outro grande perdedor foi Kevin Magnussen, da Haas. Esse moço claramente está sentindo a pressão de ter Nico Hulkemberg como companheiro de equipe, e protagonizou o erro mais bisonho do final de semana, que foi o responsável pela última bandeira vermelha da prova.

E conhecendo o verdadeiro protagonista de Drive to Survive, doravante conhecido como Günther Steiner, bem sabemos que a vida do menino Kevin vai começar a ficar bem complicada dentro da Haas. Ou que temos mais um episódio da série da Netflix focado na barra de vida nessa equipe que nos garante temporadas de diversão e entretenimento.

Como a direção de prova decidiu finalmente aplicar a “regra Michael Masi” (ou “tudo aquilo que deveria ter acontecido no final do GP de Abu Dhabi de 2021 mas não aconteceu, porque o diretor de prova decidiu por conta própria rasgar o regulamento em nome do entretenimento”), uma última largada parada resultou em um Big One no final do caótico e muito divertido GP da Austrália, onde Pierre Gasly e Esteban Ocon decidiram selar em pista o fim do pacto de paz de boa convivência que ambos estabeleceram na Alpine.

Os dois se odeiam, e não esconderam esse ódio mútuo ao longo dos anos. E após Gasly fazer do carro do Ocon uma verdadeira panqueca, eu duvido que o amor ainda existe nesse casal. Podem procurar os advogados, pois os dois vão passar o resto da temporada tretando. E os filhos dessa união que se resolvam nos terapeutas da vida.

Fernando Alonso quase foi arrastado para o grupo dos perdedores por causa de Carlos Sainz. O segundo espanhol tirou o primeiro espanhol da terceira posição naquela relargada do Big One, o que teria deixado o piloto veterano veloz e furioso. Ou ainda mais furioso que ele já estava ao longo do final de semana.

E se teve alguém que venceu tanto quanto Verstappen na Austrália foi mesmo Lewis Hamilton. Uma vez que o patrão pilotou um carro minimamente decente, mostrou para Max que não tem mais nada a perder, dividindo curva com o atual bicampeão no mesmo método que o próprio Max aplicou no heptacampeão em diversas oportunidades: não ficando com o carro à frente, mas tirando todo o espaço externo possível para prevalecer na tangência interna.

Ou seja, pau que dá em Lewis dá em Max também. Afinal de contas, não é o Hamilton quem precisa defender o título dessa vez.

E sobre o Sergio Perez? E eu sei que você me perguntou isso.

Perez é outro grande vencedor do GP da Austrália, pois saiu da última posição para chegar em quinto e, como bônus, ficou com a volta mais rápida. Se quer mesmo disputar o título com Verstappen, Perez precisa conquistar cada ponto para minimizar eventuais prejuízos em finais de semana ruins como esse que ele viveu em Melbourne.

E esse foi o GP da Austrália de 2023, o melhor da temporada até agora, mesmo com o vencedor de sempre. Pelo menos alguma coisa aconteceu, justificando a madrugada não dormida por esse que aqui vos fala.

E graças a todos os deuses do automobilismo, teremos quatro semanas para recuperar o sono. A próxima etapa do Mundial de Fórmula 1 será o GP do Azerbaijão, que só acontece em 30 de abril, já que o GP da China foi cancelado.

E eu não tenho mais saúde para finais de semana consecutivos varando a madrugada esperando pacientemente por limpezas de pista e retirada de carros destroçados.

 

Via ge.globo


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@oEduardoMoreira