Essa até pode não ser a sua preocupação neste momento, mas quem precisa viajar ao espaço precisa lidar com essa insuportável mania das agências aeroespaciais em deixar milhões de dólares de lixo perdido em órbita e sem gravidade.
Dito isso, cientistas da Universidade do Colorado Boulder estão colocando um foco no mínimo diferente para abordar a preocupação com o lixo espacial por meio de uma tecnologia inovadora inspirada nos universos de Star Trek e Star Wars. Eles estão desenvolvendo um “raio trator”, que é capaz de atrair objetos no espaço sem a necessidade de tocá-los.
Essa tecnologia pode se tornar uma ferramenta crucial na recuperação e realocação de detritos espaciais, de acordo com pesquisadores.
O quão grande é o problema do lixo espacial neste momento?
De acordo com a NASA, atualmente há mais de 23.000 fragmentos de lixo espacial orbitando a Terra, cada um com o tamanho igual ou maior que uma bola de tênis. Esses resíduos são provenientes de satélites e foguetes que já não estão mais em uso, representando uma ameaça substancial para as futuras missões espaciais.
O perigo desses detritos reside na sua velocidade. Um simples pedaço de ferro com o tamanho de um punho pode se transformar em um míssil capaz de atravessar satélites, foguetes e até mesmo a Estação Espacial Internacional, uma vez que estão em movimento a velocidades de milhares de quilômetros por hora. Um evento alarmante ocorreu em 10 de fevereiro de 2009, quando um satélite russo abandonado colidiu com o satélite de comunicações Iridium 33, resultando em uma chuva de mais de 1.800 fragmentos de detritos em órbita ao redor da Terra.
A principal dificuldade em lidar com o lixo espacial reside no fato de que, ao tentar coletá-lo, os riscos de consequências imprevisíveis são altos. Qualquer contato com um objeto em movimento a altas velocidades pode desviar sua órbita e desencadear uma perigosa reação em cadeia de colisões.
Como funciona a solução “no estilo Star Trek”
O conceito desse “raio trator” é inspirado na ficção científica clássica, sendo cunhado por E. E. Smith em sua obra “Spacehounds of IPC”.
O princípio por trás desse avanço tecnológico é notavelmente simples, pois é baseado nos mesmos princípios científicos que observamos quando um balão atrai cabelos ao ser esfregado em uma blusa de lã. O raio eletrostático consiste em um feixe de elétrons que é direcionado a uma distância de 15 a 20 metros dos detritos espaciais.
Esse feixe provoca uma carga negativa nos fragmentos de lixo e uma carga positiva no contêiner da nave, criando uma atração entre os dois elementos. Dessa forma, os restos de satélites são atraídos para o interior do contêiner, sem a necessidade de contato físico.
Embora o raio eletrostático já tenha sido testado em condições de vácuo e demonstrado sucesso, seu maior desafio está na velocidade de atração. Atualmente, o processo leva cerca de 2 a 3 meses para deslocar um objeto em torno de 300 quilômetros. Apesar disso, os cientistas acreditam que essa capacidade de movimentação pode ser suficiente para alterar a órbita do lixo espacial ou até mesmo direcioná-lo em direção à atmosfera, onde seria queimado e destruído.
E tudo isso um dia pode abduzir você deste planeta complexo e cheio de problemas chamado Terra.
Confia.