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Tela de tinta eletrônica, a nova “febre do ouro” do mundo da tecnologia

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Quem poderia prever que as telas de tinta eletrônica encontrariam o seu momento de auge em 2023? Isso mesmo que você está pensando: ninguém.

A impressão clara que fica é que só agora os fabricantes de dispositivos de tecnologia descobririam um novo filão de produtos onde o grande protagonista ou centro das atenções é justamente a tela de tinta eletrônica.

E o mais curioso de tudo isso é que essa descoberta está diretamente alinhada com o lançamento de produtos que nos aproximam da experiência de uso analógica, diferente dos leitores de livros eletrônicos, que obviamente nos remetem à leitura digital.

Vale a pena observar um pouco mais de perto essa revolução, e tentar estimar se ela vai durar tanto tempo assim quanto os mais empolgados imaginam que deve acontecer.

 

Colocando a tela de tinta eletrônica em contexto

As telas de tinta eletrônica apareceram no mercado em 2004, e tinha como principal objetivo exibir imagens estáticas ou textos com o menor consumo energético possível. É por isso que esse tipo de tela não chega perto de ser a mais recomendada para exibir vídeos ou rodar jogos.

Outra característica das telas de tinta eletrônica e a ausência de retro iluminação para exibir as imagens. Isso era uma realidade na primeira geração dos dispositivos que recebiam essa tecnologia. Hoje, a maioria dos leitores de livros eletrônicos ou dispositivos de interação com caneta eletrônica possui algum tipo de iluminação de tela que não causa impacto na longa autonomia de bateria do dispositivo.

As telas de tinta eletrônica funcionam com microcápsulas transparentes que atuam como os pixels. No seu interior, encontramos outras micropartículas nas cores branco e preto, com cargas positiva e negativa.

Abaixo de cada uma dessas microcápsulas, existem dois eletrodos. De acordo com o tipo de carga que cada cápsula recebe, elas reagem com as cores preto e branco, formando as imagens e textos a serem exibidos na tela com o fundo em branco.

Na prática, os dispositivos entregam imagens com uma aparência muito próxima com aquela obtida com o papel, oferecendo uma nitidez perfeita e dispensando uma iluminação integrada para a exibição das imagens.

Muitas instituições de ensino e entidades de diferentes categorias chegaram a substituir os tablets pelos dispositivos com telas de tinta eletrônica, por causa de todas as características que descrevemos até agora.

Agora, os fabricantes de tecnologia estão aumentando a oferta de produtos com esse tipo de tela, apostando que essa será a tendência de futuro para essas tarefas mais específicas.

 

De tela secundária para grande protagonista

Quem está por dentro do mundo da tecnologia sabe muito bem que os leitores de livros eletrônicos não são produtos novos. A Amazon oferece o Kindle há muito tempo, e é a principal responsável pela popularidade desse tipo de dispositivo.

Por outro lado, a tecnologia das telas de tinta eletrônica precisava evoluir para ir além de estar presente em dispositivos para consumo de conteúdo ou em telas secundárias de smartphones com propostas mais irreverentes.

Um dos avanços conquistados nas telas de tinta eletrônica foi na resolução das telas. Isso permitiu a produção de produtos com maior tamanho e, a partir disso, estabelecer novos propósitos de usabilidade.

O resultado disso é a chegada de dispositivos que estão mais próximos de um bloco de notas ou de um caderno, onde o usuário não apenas consome os conteúdos, mas também realiza anotações em livros, produz textos à mão que depois são convertidos para o formato digital, produz desenhos com diferentes níveis de pressão e tipos de traços e até escreve partituras completas.

A tendência é que veremos nos próximos anos essas telas maiores e com diferentes funcionalidades substituindo os tablets ou dispositivos com telas convencionais em LCD, LED ou OLED.

A tecnologia das telas de tinta eletrônica se destaca justamente pela melhor definição para textos e gráficos, entregando um baixo consumo de bateria para a exibição de conteúdo. E essas vantagens não podem ser desprezadas.

Afinal de contas, existe uma diferença brutal entre usar um iPad Mini de sexta geração que possui uma tela de 8.3 polegadas por até 9 horas e um dispositivo com tela de tinta eletrônica com tela de 12 polegadas por mais de um mês longe do carregador.

 

Veremos essas telas em qualquer lugar

A economia de bateria oferecida pelas telas de tinta eletrônica é o principal atrativo para os fabricantes e usuários. Não é exagero pensar que veremos dispositivos com essa tecnologia para os trabalhos de escritório, estudo, atividades musicais e outros setores onde o papel é substituído pelo formato digital de forma orgânica e natural.

Além disso, a evolução das telas de tinta eletrônica permitiu que as funções táteis fossem implementadas, o que permite que o uso do lápis digital se aproxime muito daquela resposta que se obtém na interação do lápis com o papel real.

Alguns fabricantes como a Huawei avançam para o próximo nível de desenvolvimento desses dispositivos, ao apresentar o primeiro híbrido de tablet com tela de tinta eletrônica e lápis digital, oferecendo uma experiência de escrita tão orgânica quanto aquela oferecida pelo papel.

Ou seja, ele se torna um autêntico substituto para o papel, e uma enorme ameaça para o iPad, o Microsoft Surface e outros tablets que são potentes e versáteis, mas que não alcançam a enorme autonomia de bateria.

 

O futuro pode ser um híbrido de duas telas

Uma das vantagens das telas de tinta eletrônica é que essa tecnologia é flexível o suficiente para ser utilizada como segunda tela em outros dispositivos.

Algumas propostas neste sentido foram apresentadas recentemente, onde essa segunda tela é acoplada à tela principal do computador, permitindo que o usuário edite documentos ou registre anotações de forma independente e com maior autonomia de uso.

De novo, não estamos diante de um conceito novo. Em 2016, a Microsoft apresentou um smartphone com tela de tinta eletrônica, repetindo algo que foi apresentado pelo YotaPhone 2 em 2014, um telefone convencional que incorporava uma segunda tela de tinta eletrônica na parte traseira.

Essa segunda tela entregava funcionalidades simples, como exibir as horas e as notificações. Mesmo assim, já era uma mostra sobre como as telas de tinta eletrônica podem ser úteis para aumentar a versatilidade nas funcionalidades dos dispositivos.

Em resumo: está na cara que as telas de tinta eletrônica vão ganhar ainda mais mercado em diferentes tipos de dispositivos em um futuro a médio prazo. Quem sabe os grandes fabricantes de telefonia móvel ou smartphones consideram o uso dessa tecnologia para dispositivos alternativos, ou até mesmo novas propostas para os produtos atuais.

Vai ser muito interessante acompanhar essa trajetória.


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@oEduardoMoreira