Eu amo ser jornalista na área de tecnologia, e fazer isso ao longo de 16 anos é o que me trouxe até aqui. E uma das minhas partes preferidas é poder viajar para cobrir eventos de lançamentos ou encontros temáticos.
A oportunidade de ser convidado para esses eventos, interagir com outros produtores de conteúdo e testar em primeira mão os lançamentos que estão chegando ao mercado é uma espécie de “pagamento” e reconhecimento ao trabalho realizado.
Mas isso não quer dizer que os produtores de conteúdo de tecnologia não passam por alguns perrengues diretamente relacionados ao tema. A história que vou contar neste artigo fala sobre um AirTag da Apple e uma mala perdida durante uma viagem internacional
Um problema comum para quem viaja
Milhões de bagagens são perdidas ao redor do mundo todos os anos, principalmente nas conexões de voos. Sabe como é: uma companhia aérea relaxada pode entregar prejuízos diversos para o passageiro.
Existe uma estimativa que deixa claro como esse problema se repete. A cada mil passageiros, seis tem suas malas extraviadas. E não queira você ser um desses azarados, principalmente se você não tem um AirTag da Apple para salvar a sua vida.
O relato que vou contar a partir de agora não aconteceu comigo, mas acho divertido o suficiente para compartilhar com você, mesmo que seja apenas para a reflexão ou aprendizado para não se ferrar na vida.
E a partir de agora, pense em um “eu fictício”, que foi convidado para cobrir um evento de tecnologia em Tóquio (Japão), em novembro de 2023.
É claro que eu tinha que me ferrar no Japão
Eu tive o máximo de cuidado para levar roupas quentes para aguentar o clima frio do inverno japonês, todos os equipamentos para o meu trabalho e, é claro, um AirTag dento da mala, por precaução.
Como eu sou um desastrado e o AirTag já me ajudou a encontrar minhas chaves e minha mochila, pensei que seria uma boa ideia usar um dispositivo que se comunica com outros iPhones via Bluetooth, através do chip U1.
Meu voo saiu de Madrid (Espanha)e tinha como destino o aeroporto de Haneda em Tóquio, com uma conexão em Dubai (Emirados Árabes). Foram 14 longas e insuportáveis horas de viagem.
Quando cheguei em Tóquio, fui direto para a esteira de bagagens. E é claro que a minha mala não apareceu. Caso contrário, este artigo nem tinha motivo para existir.
Em pânico, procurei o balcão da companhia aérea para reclamar a incompetência deles, já que a mala ficou em Dubai. Prometeram enviar a bagagem para o meu hotel “assim que possível”, o que não resolvia a minha vida, pois eu tinha que trabalhar.
Então, eu me acalmei, e procurei respirar fundo. E quando o oxigênio chegou ao cérebro, me lembrei do AirTag dentro da mala. Abri o Find My no iPhone e… eureca: a localização da mala apareceu em Dubai.
E aqui, começa a minha odisseia para ter a bagagem de volta.
AirTags salvam vidas
Os AirTags podem encontrar de malas até animais de estimação, usando a rede de iPhones ao redor do mundo para exibir a localização do objeto ou animal no mapa. E ele funciona em qualquer lugar do planeta.
E… antes que você se preocupe com o ex-marido ou com a stalker que atormenta a sua vida, deixo claro que esse gadget possui recursos de segurança e privacidade que impede o rastreamento de pessoas sem o seu consentimento.
O AirTag emite um sinal sonoro quando está longe do iPhone do seu proprietário por muito tempo, e outros usuários do smartphone da Apple podem desativar o sinal irritante que o dispositivo emite.
Bom, saber que a mala estava em Dubai só aumentou minha ansiedade, já que tinha que ficar plantado no hotel por três dias e quatro noites esperando pela minha bagagem.
Isso significa usar as mesmas roupas que eu levei na minha mochila e improvisar no trabalho, pegando emprestado equipamentos de colegas jornalistas. E agradeço à solidariedade alheia neste momento.
Enquanto isso, acompanhei pelo iPhone o passeio da minha mala e, dessa forma, fiquei sabendo quando ela saiu de Dubai e Chegou ao Japão, entrou em um caminhão de entrega e se deslocou para o meu hotel.
E… acredite… a sensação de alívio foi indescritível.
A vantagem e desvantagem do rastreamento constante
Saber onde está a sua bagagem perdida oferece uma maior segurança sobre onde estão os seus pertences. Mas controlar a ansiedade é um problema que só o meu psiquiatra consegue administrar.
Fiquei me questionando como estavam as minhas roupas e meus equipamentos na mala, temendo os possíveis danos e até a violação da bagagem pelos desonestos. Em alguns momentos, cheguei a pensar que era melhor não saber onde a mala estava, só para evitar o estresse. Mas é sempre melhor ter alguma informação do que nenhuma informação.
Mas não pense que os AirTags são perfeitos, pois eles possuem brechas de funcionamento, como a necessidade de contar com usuários de um iPhone nas proximidades e de uma conexão WiFi para uma localização mais precisa do objeto.
Ou seja, se a minha mala estiver perdida no meio do deserto, é melhor eu começar a comprar outras roupas em alguma loja de departamento qualquer.
Tudo bem, a autonomia de bateria de um AirTag é de um ano. Mas se a bateria acabar, nada de rastrear o objeto. E se o dispositivo se soltar do item a ser rastreado por qualquer motivo ou se for removido por algum vagabundo, pode esquecer o rastreamento.
Por isso, é importante verificar se o seu AirTag está bem preso e funcionando antes de viajar. Você também pode personalizar o seu AirTag com um nome, um emoji ou uma gravação para facilitar a identificação.
A recomendação para usuários do iPhone
Primeiro (e o mais importante): sempre verifique se o seu AirTag está bem preso ao objeto e funcionando antes de utilizar o produto na prática. Vale a pena personalizar o gadget com um nome, um emoji ou uma gravação para facilitar a sua identificação.
Apesar das limitações, eu acho que os usuários de iPhone deveriam investir nos AirTags. Dos produtos da Apple, ele é um dos que entrega o preço menos absurdo, e é bem útil para quem viaja o tempo todo e (eventualmente) podem passar por esse cenário complicado que eu passei.
Não posso reclamar da ansiedade que senti, pois o AirTag cumpriu com o seu papel. A economia que fiz por não ter que comprar roupas e equipamentos no Japão já compensaram o investimento feito no pequeno dispositivo.
As alternativas para usuários do Android
Para os usuários de um smartphone Android, existem várias alternativas aos AirTags, como os SmartTag2 da Samsung, que tem o mesmo princípio de funcionamento, mas utilizando a rede de smartphones da Samsung para localizar objetos perdidos.
Outras opções são os Tile Mate, os Chipolo One e os Orbit Keys. Eles também usam o Bluetooth para se comunicar com outros dispositivos e mostrar a localização dos objetos no mapa.
Cada um desses produtos conta com preços variados, diferentes recursos e design, além de variadas autonomias de bateria. Escolha aquela alternativa que melhor atende as suas necessidades.
Por fim…
A minha mala nunca chegou ao meu hotel em Tóquio, e eu fiquei que nem um paspalho esperando por minha bagagem.
A mala voltou para a Espanha, por algum motivo que eu nunca entendi. Eu só consegui recuperá-la quando voltei para casa, duas semanas depois.
Quando eu abri a mala, eu vi que as minhas roupas estavam amassadas e os meus equipamentos estavam intactos. Então, respirei aliviado, algo que não consegui fazer ao longo desse tempo todo sem os meus pertences.
Junto com a bagagem, vi um bilhete da companhia aérea pedindo desculpas pelo transtorno e oferecendo uma indenização. O mínimo que a empresa poderia fazer diante do estresse e dos prejuízos que tive ao longo dessa jornada.
É claro que aceitei a indenização (porque eu não sou burro, apesar da minha cara denunciar uma ideia diferente) mas não fiquei satisfeito com o serviço. Nunca mais vou viajar com essa pocilga, e sempre vou levar um AirTag dentro da mala, não importa o que aconteça.
Como lição de tudo isso, entendo que ser jornalista de tecnologia continua a ser algo maravilhoso, mas às vezes é uma aventura com contornos épicos. E não posso viver no modo “casa de ferreiro, espeto de pau”.
AirTags são bem úteis, mas não fazem milagres. Em caso de imprevistos, manter a calma, ter paciência e não exterminar ninguém são elementos fundamentais para resolver os problemas.
E espero que você tenha aprendido alguma coisa comigo e com o meu perrengue. Caso contrário, escrevi esse artigo a troco de absolutamente nada. E eu detesto me sentir um completo inútil.