Que vivemos a era da glamourização da burrice, isso é fato consumado. Eu nunca vi na minha vida um número tão grande de pessoas que declaram sentir orgulho de serem ignorantes. E só olhar para o “caso Choquei” e o Brasil desde 2018, e fica evidente que tem muita gente sentindo orgulho em ostentar a ignorância.
Isso é resultado de um processo de distorção da realidade que perdurou nos últimos 10 anos. E temo que só tende a piorar com o avanço dos recursos tecnológicos e as facilidades da comunicação em massa.
Porém, tudo indica que esta é uma preocupação que é só minha. É preciso descobrir o quanto as pessoas realmente se importam em serem enganadas, já que tem gente que adora ser corno há muito tempo.
Tem gente que é burra por puro conforto e comodismo
Em um cenário de bombardeio constante de informações, é de se questionar se a sociedade realmente se importa com a veracidade das histórias que consome.
O advento das redes sociais cria uma bolha informativa, onde as pessoas são expostas apenas ao que desejam ver, muitas vezes optando pela versão confortável em detrimento da dura e contrastante realidade.
A prevalência de notícias falsas e desinformação levanta o desafio de questionar o que é visto e fazer o esforço de descobrir a verdade. E isso incomoda, pois o nosso cérebro não foi feito para questionar as coisas, pois ele é preguiçoso e sempre vai buscar o caminho mais rápido para encontrar respostas.
A psicóloga Andrea Vizcaíno destaca a falta de consciência sobre a desinformação e a tendência de consumir informações que confirmam preconceitos, gerando uma sociedade acostumada a não questionar.
Traduzindo: tem gente que gosta de ser burro, porque isso é algo confortável.
Você se importa em saber que está sendo enganado?
O aumento exponencial das notícias falsas eleva a desconfiança nas fontes de informação, tornando “fake news” parte do vocabulário cotidiano. O duro é que algumas pessoas falam em “fake news” sem sequer entender o conceito.
Então, surge a pergunta: a desconfiança impulsiona uma atitude mais crítica ou mergulha a sociedade na fadiga informativa?
Estudos sugerem que as notícias falsas são frequentemente projetadas de maneira impactante, emotiva ou sensacionalista, buscando provocar reações rápidas. E reações rápidas produzem dopamina no cérebro, entregando um prazer imediato.
A superexposição a essas notícias pode esgotar a capacidade de discernir a verdade com o passar do tempo, criando uma coexistência entre desconfiança e apatia.
E aqui, o efeito em cadeia se estabelece: as pessoas vão seguir buscando as reações rápidas para preencher o vazio que se constrói dentro delas, e apenas as notícias falsas vão satisfazer o emocional, esvaziando o intelectual.
A chegada dos deepfakes, tecnologia que produz vídeos ou imagens falsas realistas, adiciona complexidade ao cenário. A capacidade de criar conteúdos manipulados desafia a distinção entre realidade e ficção.
Muitos ficam preocupados em serem enganados por imagens alteradas que são cada vez mais perfeitas, ao mesmo tempo em que o fascínio por essa tecnologia emergente só aumenta, contribuindo para uma possível aceitação passiva sem a verificação adequada.
A maioria reconhece a ameaça dos deepfakes, mas a dificuldade em distinguir entre conteúdo real e manipulado cria uma resposta ambivalente. E o desafio em combater a desinformação vai se tornando hercúleo.
A necessidade em desenvolver um julgamento crítico
A essa altura do artigo, fica fácil entender qual é a real ameaça das notícias falsas e do uso da tecnologia para a produção da desinformação para disseminação em massa.
Porém, eventos como o “caso Choquei” e outras tragédias que aconteceram a partir da manipulação da informação parecem não ser suficientes para convencer aqueles que glamourizam a burrice em larga escala.
Adquirir a capacidade de julgar informações de maneira crítica, manter a curiosidade e considerar diferentes perspectivas são passos essenciais para evitar a indiferença diante da desinformação.
É crucial, vital e necessário questionar informações, estar aberto ao aprendizado e não sucumbir à velocidade da disseminação enganosa, principalmente nas redes sociais.
A responsabilidade recai sobre cada indivíduo para buscar ativamente a verdade e contribuir para um ambiente digital mais seguro e confiável.
O comprometimento com a busca precisa de informações é algo que não pode ser indiferente a qualquer pessoa que se julga consciente e com códigos morais e éticos elevados. Até porque aqueles que perpetuam a desinformação estão fazendo um barulho enorme nas redes sociais e plataformas de comunicação digital neste exato momento.
A conscientização sobre a informação falsa motiva uma tendência crescente na busca por precisão das informações. Contudo, há um contraste evidente dentro do coletivo, pois aqueles alheios a essa preocupação podem causar mais impacto com a disseminação da desinformação, conforme observado por Andrea Vizcaíno.
A verdade é sempre a verdade, e cabe a cada indivíduo assumir a responsabilidade de encontrá-la. A contribuição para um ambiente digital seguro e confiável exige o esforço coletivo de discernir, questionar e valorizar a verdade em meio à complexidade da era digital.
Ser indiferente à necessidade de se estabelecer a verdade dos fatos e das informações dentro do coletivo só terá como resultado prático o aumento de tragédias como as ocorridas em colégios brasileiros, ou que promoveu o desaparecimento de Jéssica Vitória Canedo, por causa de uma notícia falsa compartilhada pela Choquei.
Não dá mais para virar as costas para tudo isso.