O novo Galaxy S24 Ultra da Samsung está gerando muita conversa em torno da Inteligência Artificial embarcada no telefone, superando até mesmo as características técnicas como o processador Exynos 2400 ou até mesmo a presença do chip Snapdragon 8 Gen 3 neste modelo.
O que muitos se esquecem é que a Inteligência Artificial também está presente nos mais recentes lançamentos de smartphones do Google e da Apple. Porém, as empresas que trabalham com telefones Android contam com outra abordagem na hora de falar sobre o assunto.
Enquanto as apresentações da Apple continuam focadas em características técnicas dos produtos, Samsung e Google decidiram dar ênfase à IA em seus eventos de lançamento. E aqui, a tendência de futuro é mesmo falar dos chatbots e como eles vão influenciar o comportamento dos usuários nos dispositivos.
A abordagem das apresentações está mudando
A abordagem tradicional, focada em destacar números técnicos dos dispositivos como núcleos e potência bruta, parece estar mudando. Isso fica mais evidente quando observamos como Qualcomm e MediaTek passaram a apresentar esses detalhes em eventos próprios.
Samsung e Google adotam uma postura mais vaga em relação aos processadores Exynos 2400, Snapdragon 8 Gen 3 e Tensor G3, focando muito mais no que os seus produtos podem entregar nas funcionalidades e recursos do que no potencial técnico dos seus dispositivos.
Até que demorou para que os fabricantes entendessem isso. Sabemos que existe um grande número de usuários que ainda se preocupam com os números nas especificações técnicas, mas a grande maioria não dá a mínima para isso.
Só quer que o smartphone funcione bem, rodando os jogos mais pesados e registrando fotos incríveis em péssimas condições de luminosidade.
Já a Apple adota uma estratégia única ao não se aprofundar em especificações técnicas como teraflops e megahertz, mas foca no que o processador pode realizar para o usuário com suas melhorias.
A abordagem da Apple em detalhar cada componente de seus processadores contrasta com a postura mais reservada da Samsung em relação ao Exynos 2400.
Na verdade, a Apple apresenta o iPhone como se fosse um produto exclusivo, tal e como uma Ferrari. Ela infla a apresentação com os avanços técnicos realizados pelo processador, mas mostra como esses avanços causam um impacto na realidade prática do usuário.
E, em muitos casos, aquela pessoa que assiste à apresentação na faz a menor ideia do que está ouvindo, mas acaba se impressionando com o potencial prática de tudo o que aquelas melhorias podem entregar.
Marketing, senhoras e senhores.
Mas na hora de falar de Inteligência Artificial…
…a abordagem muda radicalmente.
Enquanto a Apple evita mencionar o termo “inteligência artificial”, Samsung e Google a colocam constantemente em destaque durante suas apresentações.
Para a Apple, as pessoas ainda estão com receio dos chatbots generativos e da IA como um todo. Logo, a empresa não quer associar o iPhone ao termo que mais espanta do que aproxima.
Já a Samsung, em parceria com a Google, dedica tempo significativo à IA nos eventos, indicando uma forte aposta no desenvolvimento futuro dessa tecnologia.
Na verdade, tudo o que a Samsung mais quis durante a apresentação do Galaxy S24 é associar o seu nome ao conceito prático de “Inteligência Artificial funcional”, que é aquela que entrega os recursos para o usuário sem precisar passar por um prompt de comando, ou com uma linguagem mais amigável.
Em termos práticos, a Apple também conta com a Inteligência Artificial no iPhone. Só não deixa isso evidente para o usuário. Mas quando a empresa fala sobre capacidades de cálculo da NPU, GPU e CPU do processador A17 Pro, ela está falando basicamente de IA.
Sim, pois esse processador vai acelerando o seu potencial de cálculo com o passar do tempo, aprendendo com as tarefas do usuário e com a própria evolução dos aplicativos e do iOS como um todo.
Os próprios recursos específicos do iOS deixam evidente a presença da IA no sistema operacional. Por exemplo, a capacidade de identificar raças de animais ao fotografar com um iPhone. Isso só pode ser feito a partir de uma tecnologia que reconhece aquela imagem como um prompt de entrada.
Já Samsung e Google deixam claro que os seus processadores (e o Qualcomm Snapdragon 8 Gen 3) estão muito influenciados pelos motores de IA
No final das contas, todo mundo sabe que o futuro da telefonia móvel passa pela Inteligência Artificial, de forma quase inevitável. As empresas podem chamar o recurso do que quiser, mas todos na prática vão usar a mesma tecnologia.
A corrida neste momento é para descobrir qual será o fabricante que será a referência no uso de IA nos smartphones e, por tabela, lucrarem com isso.
Que essa tecnologia será normalizada entre os usuários, isso é fato. Mas qual fabricante poderá dizer que é a referência no uso de IA na telefonia móvel… só o tempo vai dizer.