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A morte do Google Stadia tem um grande efeito colateral: a morte do Stadia Controller

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Passei boa parte da semana passada escrevendo sobre a morte do Google Stadia. Algo que qualquer pessoa que estava minimamente por dentro do mundo da tecnologia já poderia prever ou presumir por conta de todos os movimentos que aconteceram durante os três anos de atividades do serviço.

Porém, algumas (poucas) pessoas começaram a pensar em um aspecto do Stadia que terá uma morte dupla, caindo na inutilidade (quase) completa: o seu controle dedicado aos jogos.

Os mais desavisados não sabem, mas o Google Stadia contava com um controle específico para interagir com os jogos em reprodução via streaming. E esse periférico está destinado terminar na lata de lixo, já que chegou ao mundo capado de série. Ou seja, ele basicamente só existia para funcionar com o Stadia e nada mais.

 

Tem Bluetooth, mas é capado

O controle era tão específico, que recebeu um nome: Stadia Controller. E, sinceramente, nem dá para julgar o Google por causa disso. Ou melhor, dá sim: quem manda a gigante de Mountain View se considerar Beta o tempo todo?

De qualquer forma, um dos primeiros grandes problemas do Stadia Controller é contar com o Bluetooth 4.2 limitado de série. E ele sempre foi limitado, algo que muito provavelmente não era um motivo de preocupação para os seus inocentes usuários que acreditaram que o Google não teria a coragem de matar o Stadia tão cedo.

O Stadia Controller utilizava a conectividade Bluetooth para a configuração inicial do serviço. O periférico estava diretamente conectado aos servidores do Google via WiFi, pois essa foi a solução encontrada para reduzir a latência entre o comando no mundo real e a resposta nos jogos em execução nos servidores.

Essa limitação do Bluetooth 4.2 impede que o acessório funcione em modo sem fio com outros produtos que até contam com a compatibilidade teórica. Porém, na prática, os dispositivos não se conversam. E isso torna o Stadia Controller um inútil para essa finalidade.

Mas nem tudo está perdido nesse mundo. Ou será que está?

 

Como controle cabeado, ele funciona

Existe um lado positivo do Stadia Controller, e esse aspecto pode salvar o dispositivo de virar um lixo tecnológico reciclado por um todo.

Apesar da conexão Bluetooth do controle estar capada (e nada impede que, no futuro, alguma alma abençoada destrave este aspecto no dispositivo), o Stadia Controller foi desenvolvido como um dispositivo HID. Ou seja, ele pode se conectar ao smartphone via porta USB-C e funcionar como um controle de videogames como outro qualquer.

Se ele vai funcionar melhor ou pior com os diferentes jogos disponíveis para o sistema operacional Android, isso é outra história. Fato é que o acessório funciona para essa finalidade, e isso pode ser explorado por usuários e desenvolvedores.

Quem sabe alguns desenvolvedores para jogos do iPadOS podem aproveitar o Stadia Controller de alguma forma. Afinal de contas, não podemos nos esquecer que alguns modelos das novas gerações do iPad já contam com a porta USB-C, o que abre as portas para uma utilização do controle com esses dispositivos.

Outra empresa que eventualmente pode trabalhar com os benefícios do Stadia Controller com a porta USB-C é a Microsoft, que pode tornar o acessório compatível com os seus consoles de nova geração, explorando a conectividade de porta física.

Mas o mundo perfeito pede que qualquer controle para games que preste se comunique com outros dispositivos via Bluetooth. E enquanto isso não for resolvido, tenho dúvidas se teremos muitos usuários do Stadia Controller conectando fisicamente o acessório ao seu smartphone.

Até porque existem opções melhores no mercado.

 

No PC, existem alternativas. No Android, tudo se complica

Ainda dá para conectar o Stadia Controller no PC via USB-C, já que o acessório é diretamente compatível com os jogos disponíveis na Steam. E isso pode ser a verdadeira tábua de salvação para o periférico.

O único grande problema aqui é que o processo de configuração do periférico com a plataforma de jogos é algo tedioso, pois é preciso mapear todos os botões de comando manualmente. Se o título ou a plataforma que será utilizada não conta com suporte com esse controle, alguns softwares podem emular o comportamento de um outro controle para ajudar no mapeamento do Stadia Controller.

Já no caso do Android, a própria necessidade do uso de um cabo USB-C conectado no telefone ou tablet já complicam um pouco mais as coisas. Aqui, você perder conforto e comodidade no processo, e isso pode fazer com que os usuários acabem perdendo o interesse no uso da alternativa.

Por que você vai usar o Stadia Controller preso em um cabo quando muito provavelmente você já tem um controle sem fio que está funcionando muito bem com o seu telefone?

 

No iOS? Nem pensar

Eu sei que alguns (poucos) usuários do iPhone estão pensando neste momento se podem utilizar o Stadia Controller no seu caro smartphone. E, por mais que você conte com algum (estranho) tipo de interesse nessa tecnologia e até seja o proprietário de um adaptador de USB-C para Lightning, a resposta aqui é um contundente NÃO.

E nem preciso me estender nas explicações. O Stadia Controller simplesmente não funcionar com os dispositivos com iOS, de forma alguma. Simples assim.

 

Existe alguma solução neste caso?

A única solução plausível para que o Stadia Controller ganhe uma nova vida no mercado de tecnologia é, obviamente, o desbloqueio do Bluetooth.

Isso não é algo impossível de ser feito. A ficha de especificações técnicas do Stadia Controller deixa claro essa limitação, mas também informa que as funcionalidades clássicas do periférico poderiam ser ativadas mais adiante.

Ou seja, o desbloqueio do Bluetooth do controle do Google Stadia é tecnicamente possível. Agora, se isso vai acontecer de forma oficial após o fim do projeto por parte da gigante de Mountain View, é outro departamento. E neste segundo cenário, a resposta está muito mais para o “pouco provável”.

Mas vou tentar ser otimista no final deste artigo.

Se eventualmente o Bluetooth for desbloqueado no Stadia Controller, o acessório poderia (por exemplo) reduzir os resíduos eletrônicos que inevitavelmente serão produzidos com o fim do Google Stadia em si (sem o desbloqueio, o produto vai para a lata do lixo), além do simples fato de dar uma nova vida para o acessório, o que deve ser o objetivo da maioria dos seus proprietários.

O controle poderia ser útil não apenas para interagir com os jogos Android e iOS, como também poderia funcionar com o Chromecast com Google TV para usar com os jogos do GeForce NOW, por exemplo.

Entendo que tudo isso passa por uma boa dose de boa vontade por parte do Google, combinado com um toque de criatividade dos desenvolvedores de software. E espero que isso aconteça em algum momento no futuro.


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@oEduardoMoreira