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Apple afirmou que o iPad reinventaria a computação. Hoje, ele parece mais um notebook do que um tablet

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O iPad original foi apresentado ao mundo por Steve Jobs em 2010, e foi descrito como “o filho do iPhone com o MacBook Air”. E durante cinco anos, ele não passou de um iPhone com tela muito grande. Porém, isso começou a mudar com o iPad Pro em 2015.

O novo dispositivo contava com uma Apple Pencil que fez a alegria dos ilustradores, além de uma ótima tela para os mais produtivos. Ele pavimentou o caminho para que o iPad alcançasse outro patamar, indo além de um iPhone gigante.

Hoje, o iPad Pro possui um potencial gigantesco, e mesmo limitado pelo iPadOS, ele se parece mais com um notebook do que com um tablet.

 

Teclado físico, sistema de arquivos tradicional, janelas flutuantes, cursor e trackpad…

As recentes atualizações do iPadOS transformaram o iPad em um MacBook com tela destacável. Ou pelo menos ele tenta ser: o iPad Pro conta hoje com teclado físico e orientação de desktop na horizontal, adicionando um sistema de múltiplas janelas para atender aos usuários mais produtivos.

Além disso, o sistema operacional do iPad passou a contar com um aplicativo de gerenciador de arquivos que é muito parecido com o Finder do macOS, algo fundamental para quem quer trabalhar com (por exemplo) edição de vídeos e fotos. Conseguir localizar os arquivos com maior agilidade em um dispositivo informático faz toda a diferença para quem quer trabalhar a sério com o dispositivo.

E para entregar essa produtividade completa, o iPad passou a contar com um cursor e até a compatibilidade com mouses externos e trackpads que trabalham em conjunto com os seus teclados oficiais. A cereja do bolo nesse sentido é o gerenciamento de janelas flutuantes na área de trabalho, em uma proposta que fica ainda mais próxima do macOS, especialmente quando conectamos o tablet em um monitor externo.

Conheço algumas pessoas que abandonaram os notebooks para trabalhar o tempo todo com o iPad justamente por conta dessa maior aspiração do dispositivo em funcionar como um computador tradicional. E o iPadOS foi se adaptando para ao menos tentar se aproximar dessa proposta.

Pena que o iPadOS nunca foi concebido para isso, e infelizmente consegue limitar o desempenho de dispositivos poderosos como o iPad Pro, que só seria um competidor de verdade do Microsoft Surface se contasse com o macOS em suas entranhas. Mas isso é assunto para outro artigo.

Aliás, falando no maior concorrente do iPad Pro…

 

É difícil competir com o Microsoft Surface neste aspecto

Recapitulando.

O iPad original chegou em 2010, e o primeiro iPad Pro foi lançado em 2015.

O grande problema para a Apple nessa tentativa em transformar o iPad em um computador híbrido pensado na produtividade é que a Microsoft lançou o primeiro dispositivo Surface em 2012 e, com isso, teve a grande chance de assentar as bases de conceito de um tablet que pode se transformar em computador portátil para oferecer o máximo de produtividade.

Apesar das primeiras versões do Surface não serem tão boas quanto poderia ser (até porque primeiro a Microsoft tentou copiar a Apple para só depois colocar traços próprios de identidade no seu produto), o conceito desse dispositivo melhorou muito com o passar dos anos, até chegar em um ponto de maturidade que a própria Apple quis copiar no iPad Pro.

Ou seja, o Microsoft Surface se tornou um dispositivo com tela touch, teclado e trackpad em um case em separado, múltiplas janelas flutuantes na tela, modo de multitarefa real, sistema de arquivos completo e outros recursos que apenas um sistema operacional completo como é o Windows pode oferecer.

Não estou aqui dizendo que a Apple não acertou com o iPad Pro. Pelo contrário: o produto é tão bom, que todo mundo gostaria de ver como ele poderia se comportar com um sistema operacional completo como o macOS. Só estou afirmando que ele vai permanecer capado no seu potencial enquanto o software do MacBook Air não desembarcar neste tablet.

Há quem diga que nunca veremos computadores Mac com telas sensíveis ao toque, mas que existem chances reais do hipotético iPad Pro com chip M2 receba o macOS, o que seria algo incrível. Porém, se acontecer, seria uma Apple “se rendendo” à Microsoft, reconhecendo que o conceito do Surface foi sim um ponto de inspiração que levou quase 10 anos para ser materializado nos tablets da empresa.

Todas as propostas de “eliminação” do computador tradicional falharam. O próprio iPad nunca chegou a matar o PC, pois até hoje as pessoas seguem utilizando os notebooks para tarefas específicas.  E o Microsoft Surface foi o produto que mais perto chegou de ser o dispositivo ideal para convencer o usuário que valia a pena deixar o laptpo em casa.

E, mesmo assim, até o Surface conta com vários elementos próprios de computadores, o que faz com que o formato tradicional do uso informático não seja esquecido ou superado. As pessoas definitivamente não se acostumaram a digitar longos volumes de textos em uma tela touch, e precisam do feedback das teclas físicas para serem mais produtivas.

A Apple conseguiu reinventar o telefone móvel com méritos em 2007, definindo os padrões desse dispositivo para os próximos anos. Já com o iPad, a história foi bem diferente: a cada ano que passa, ele fica mais e mais parecido com aquele produto que, no passado, Steve Jobs afirmou que estaria morto depois do seu lançamento.

Dito isso, devo compartilhar com você que este artigo foi produzido em um notebook Samsung Galaxy Book2 Pro, e não em um iPad. Até poderia comprar o teclado físico para o dispositivo da Apple, mas o laptop com Windows é perfeito para a minha produtividade em qualquer lugar, o que me deixa satisfeito por enquanto.

Bela tentativa, Apple. Mas seu iPad hoje está mais para computador portátil do que para tablet. E eu bem sei que o plano original não era exatamente esse.


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@oEduardoMoreira