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Apple quer apostar em um iPhone apenas com eSIM, e essa não será uma missão simples

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O eSIM foi lançado em 2016 e chegou ao iPhone pela primeira vez em 2018. O plano original era fazer com que o SIM virtual substituísse com o passar do tempo o SIM Card físico, mas isso até agora não aconteceu na prática.

Agora, a Bloomberg informa que uma das surpresas que a Apple promete para a nova família de smartphones iPhone 14 que será apresentada ao mundo em 7 de setembro é a eliminação do SIM Card tradicional para usar de forma exclusiva o eSIM nos seus dispositivos.

Não estou aqui para afirmar que a Apple não vai conseguir alcançar esse objetivo. Mas é correto dizer que a gigante de Cupertino não terá uma vida fácil para realizar essa mudança.

 

O custo de uma despedida

Faz algum tempo que a Apple está planejando essa mudança para o eSIM, e os rumores mais recentes apontam para uma aposta mais a sério no SIM virtual. Para isso, conta com a ajuda das operadoras para impulsionar o formato junto aos usuários, ajudando a migrar os clientes para o novo formato.

Na verdade, essa mudança já começou na Apple. O iPhone 13 já suporta múltiplos perfis eSIM, o que é bem útil para quem viaja bastante. E ninguém melhor que a gigante de Cupertino para liderar uma mudança de comportamento em grande escala junto aos usuários de tecnologia.

Foi a Apple que fez o mundo se livrar do disquete, da unidade ótica e do conector para fones de ouvido (mesmo que essa última não agradasse muito aos usuários). E… sim, ela não acerta em tudo, pois remover o carregador do kit de venda criou um detestável efeito em cascata no mercado de telefonia móvel.

De qualquer forma, foi a Apple que liderou algumas das importantes mudanças no mercado de telefonia móvel. E a remoção do slot para SIM Card pode (inclusive) aumentar ainda mais a resistência do iPhone à água, além de liberar espaço interno no dispositivo para abrigar uma bateria maior.

E eu tenho quase certeza de que a maioria dos usuários desse smartphone não sentirá a menor falta do SIM Card se puder usar o seu smartphone por pelo menos mais duas horas longe do carregador.

Sem falar que a mudança também simplifica o processo de fabricação do iPhone e reduz a dependência de provedores para componentes internos, o que deve ser de muito agrado para a Apple que deseja reduzir custos na produção do dispositivo e, ao mesmo tempo, pretende entregar o produto no mercado em um tempo menor.

As informações compartilhadas até agora neste artigo se unem aos rumores revelados nos últimos dias sobre algumas características internas do iPhone 14 e pelo menos uma informação que já pode ser considerada como um fato consumado: o iOS 16 terá uma opção que vai permitir a transferência dos dados armazenados em um eSIM de um iPhone para outro via Bluetooth.

E esse é o mais claro indício que a Apple realmente planeja eliminar os slots de SIM Card no iPhone. Se não acontecer agora, fatalmente deve ocorrer no futuro.

Tudo muito lindo, é verdade. Mas olhando para o cenário atual de telefonia móvel global, é correto afirmar que vai ser difícil erradicar o SIM Card com tanta facilidade, mesmo com tantos benefícios apresentados até agora.

 

Uma tecnologia que está pronta, mas que (quase) ninguém usa

Eu tenho um Samsung Galaxy S21 Ultra como smartphone principal. Logo, poderia utilizar até 3 linhas diferentes, onde uma delas estaria em um eSIM. Agora, me pergunta se em algum dia eu me interessei em inserir uma linha de telefone nesse SIM virtual.

O eSIM exsite há seis anos, mas sua presença nos dispositivos móveis é limitada, e poucos usuários aderiram à tecnologia na prática.

No Brasil, o suporte das operadoras ao eSIM está relativamente maduro. Quero dizer, o serviço está disponível e funciona, apesar de algumas dificuldades que os usuários enfrentam para inserir a sua linha de telefone nos telefones compatíveis.

E, mesmo assim, os dispositivos que hoje contam com o suporte ao eSIM estão restritos aos modelos tops de linha ou premium, deixando de fora os telefones de entrada e linha média. O resultado disso é uma oferta muito reduzida de produtos que suportam essa tecnologia e, ainda assim, com valores que estão bem longe do grande público consumidor.

Neste caso, Apple e Google são protagonistas no uso do eSIM. Samsung, Motorola e Huawei também aproveitam essa tecnologia em alguns modelos, mas passam longe de usar o recurso nos produtos mais avançados. E os fabricantes chineses simplesmente ignoram esse recurso, inclusive nos dispositivos wearables, que poderiam aproveitar muito bem a funcionalidade para entregar relógios e pulseiras ainda mais inteligentes.

E o cenário de momento não deve mudar tão cedo. O eSIM não é bem promovido em vários mercados globais (como é o caso do Brasil, por exemplo), e essa tecnologia é realmente relevante no Apple Watch ou no iPad, quando deveria ter iniciado a sua expansão e popularidade pelos smartphones.

Enquanto os fabricantes de smartphones não oferecerem modelos mais acessíveis com a tecnologia eSIM e as marcas chinesas seguirem ignorando esse recurso e abraçarem os slots Dual SIM com toda a força (usando a desculpa que esse slot híbrido também pode atuar como mecanismo de expansão de armazenamento via microSD), a tendência é que o cenário atual permaneça por mais algum tempo.

E quem perde com isso é o consumidor.

Mas vamos esperar para ver o que o futuro nos reserva.

Pelo visto, a Apple, sempre ela, mais uma vez, vai liderar uma mudança de comportamento entre os usuários e fabricantes de smartphones. Os rumores sobre a adoção do eSIM como método prioritário de adoção de linhas para redes móveis no iPhone são coerentes e se alinham com as próprias decisões já tomadas pela empresa na hora de se livrar de outros componentes e recursos nos diferentes dispositivos que ela lançou.

Mas considerando o atual cenário de aceitação e implementação da tecnologia eSIM, desde já podemos afirmar que, dessa vez, a Apple vai ter um pouco mais de trabalho para liderar essa mudança. Mesmo porque o fim do SIM Card passa obrigatoriamente pelas operadoras de telefonia móvel e usuários. Não depende só dela.

Boa sorte para Tim Cook e sua turma.


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@oEduardoMoreira