Press "Enter" to skip to content
Início » Telefonia » Como surgiu o celular “dobrável”, com tampa no teclado

Como surgiu o celular “dobrável”, com tampa no teclado

Compartilhe

Estamos em 2022, e os smartphones dobráveis com tela flexível são uma realidade. O design que hoje virou moda entre os usuários mais descolados nada mais é do que a repaginação de uma ideia do passado, que também fez muito sucesso na minha geração. Ou melhor, quando eu tinha a idade dessa galera mais jovem.

Hoje, temos o Royole Flex Pai, o Huawei Mate X, o novo Motorola Razr e algumas gerações do Galaxy Fold da Samsung que contam com o formato de dobra filp para smartphones. Mas em um passado de 30 anos atrás (ou mais), esse formato de telefone celular era uma febre.

Neste artigo, vamos mostrar como nasceu os primeiros celulares “dobráveis”, ou com a tampa dobrável que protege o teclado do telefone.

 

A única coisa que dobrava era a tampa

Antes dos smartphones dobráveis que encontramos hoje, o que fazia sucesso entre os usuários de celulares eram os dispositivos em formato clamshell, onde a Motorola foi a marca com maior destaque neste segmento de design. O Motorola RAZR V3 é um dos ícones dessa época, pois era fino, elegante e compacto. Era um sinal de identidade do seu tempo.

Antes dele, a mesma Motorola criou o conceito de telefones celulares com tampa para proteger o teclado, o principal alvo deste artigo. Em 1989, a empresa apresentou o MicroTAC 9800X, que era bem mais leve que o seu predecessor, o icônico DynaTAC, e incorporava uma interessante novidade no design e na funcionalidade do dispositivo: uma pequena tampa acoplada na parte inferior do dispositivo.

Esse não era apenas um diferencial estético, mas também funcional. Com essa tampa, você poderia proteger o teclado do dispositivo, evitando assim acionamentos e chamadas acidentais. Em alguns casos, também era possível atender ou desligar as chamadas do telefone de forma mais elegante ou até agressiva, dependendo da personalidade do usuário.

A tampa também recebia um pequeno microfone incorporado para melhorar a experiência de comunicação durante as chamadas de voz, deixando o áudio para o outro participante da chamada telefônica algo mais claro e com menos ruído ou interferências. E por conta da proteção do teclado, a sua portabilidade era mais cômoda.

A tampa de teclado dos celulares da Motorola foi o resultado de cinco anos de trabalho duro do time de I + D da empresa, reduzindo o tamanho e o peso dos componentes. Dessa forma, eles conseguiram sair do verdadeiro tijolo que era o DynaTAC (800 gramas) para um telefone mais amigável e transportável no MicroTAC (350 gramas). Tudo bem, comparado com um smartphone de hoje, ele ainda é pesado. Mas… acredite: mesmo com uma bateria menor, o modelo é bem mais manejável que o seu antecessor.

Hoje, os smartphones estão muito mais avançados nos aspectos de comunicação, com vários microfones integrados no dispositivo, o que melhor a qualidade de áudio em todos os sentidos. Mesmo assim, quando olhamos para o Motorola MicroTAC, constatamos que este modelo é um marco na evolução tecnológica em vários sentidos.

 

E a tela do Motorola MicroTAC? Era minúscula!

Em uma época onde a internet que conhecemos hoje simplesmente não existia e a prioridade era mesmo a comunicação por voz, o Motorola MicroTAC não tinha uma tela com dimensões generosas. Na verdade, a sua tela era ridícula e, de novo, estava tudo certo para o seu tempo.

A tela LED de matriz de pontos do MicroTAC só poderia exibir 8 caracteres, que era mais que suficiente para mostrar os números completos dos telefones da época nas chamadas recebidas, além de permitir a consulta do registro de chamadas recebidas e realizadas, entre outras funções mais básicas.

Acredite, isso era o máximo que poderíamos fazer com um celular no começo da década de 1990. Naquela época, ainda não existia o SMS, e nem mesmo a possibilidade de receber mensagens de BIP ou pager era especulada ou explorada. O telefone móvel celular existia para, basicamente, realizar ou receber chamadas de voz.

Bons tempos, minha gente… bons tempos…

Os preços dos dispositivos também eram muito diferentes. Naquela época, um telefone celular era algo muito caro, onde apenas aqueles que tinham muito dinheiro poderiam investir em um. A popularização do celular só aconteceria ao longo daquela década, alcançando o seu ponto de maturação no começo dos anos 2000, com o boom de telefones da Nokia e da própria Motorola.

Para você ter uma ideia do quão caro era o MicroTAC, ele custava na época preços que variavam entre US$ 2.495 e US$ 3.495. Se ajustarmos esses valores para os preços atuais (considerando toda a inflação acumulada nos últimos 30 anos), esses preços alcançariam entre US$ 5.972 e US$ 8.365.

Mesmo considerando que aquela era a melhor tecnologia de seu tempo, eram dispositivos absurdamente caros. Algo que até pode ser considerado “o normal”. Com o passar do tempo e o lançamento de outros modelos, os valores do MicroTAC foram caindo gradativamente, o que fez com que esses dispositivos se tornassem mais acessíveis.

Até que modelos em formato clamshell como o Motorola RAZR V3 tomaram o mercado de assalto. Mas este é um assunto para outro artigo.


Compartilhe
@oEduardoMoreira