A biografia de Elon Musk escrita por Walter Isaacson chegou às prateleiras, revelando um pouco mais sobre a vida do magnata do Vale do Silício. No centro dessas narrativas, destacam-se escolhas ousadas e, por vezes, polêmicas, ilustrando a complexidade do homem por trás da Tesla, da SpaceX e do X.
Algumas das passagens mais bizarras dessa biografia expõe as decisões controversas de Musk, incluindo a compra do Twitter em um momento crucial de desvinculação com sua filha trans. Além disso, revela-se que ele poderia ter sido parceiro de Bill Gates, mas as circunstâncias levaram a um desfecho amargo para a possível parceria.
A controvérsia não se limita às escolhas pessoais de Musk. Recentemente, o empresário demitiu centenas de trabalhadores do X por não responderem a uma solicitação durante o fim de semana. E para quem pensa que essa é a passagem mais surreal da vida profissional de Elon, você está bem enganado.
A migração de servidores por conta própria
Outro episódio intrigante sobre a vida e obra de Elon Musk se desenrola em torno da mudança massiva de servidores do Twitter.
Musk, conhecido por sua abordagem direta e impetuosa, decide transferir os servidores de Sacramento para Portland, buscando economizar mais de 100 milhões de dólares anuais. Os gerentes alertam para as complexidades técnicas dessa mudança, destacando “diferentes densidades de rack” e “densidades de energia”.
É claro que Musk ignorou por completo essas preocupações, e estabeleceu um prazo absurdamente curto de 90 dias para a operação.
Tudo aconteceu em uma noite qualquer do mês de dezembro, quando Musk, recém-chegado às instalações do Twitter, encara a situação da rede social, pensando exclusivamente na redução de despesas da plataforma. Uma reunião na sala de conferências se transforma em um palco dos absurdos, onde as decisões de Musk se desenrolam de forma frenética.
Diante das objeções dos gerentes sobre a impossibilidade de uma mudança rápida nos servidores, Musk exige vídeos das instalações em Portland com as mudanças dos equipamentos. E é claro que não ficou satisfeito com o que viu.
Musk então decide inspecionar pessoalmente os servidores em Sacramento. A história ganha contornos cinematográficos quando, na noite de 23 de dezembro, ele desvia seu voo para Austin, indo diretamente a Sacramento com seus primos.
Então equipado com uma navalha, ele mesmo (Elon Musk) desconecta os servidores, desconsiderando as normas de segurança padrão.
É claro que isso tinha que dar errado…
A saga continua com a mobilização de uma equipe de reforço no dia seguinte, que inclui Ross Nordeen da Tesla e outros trabalhadores da SpaceX. O método pouco convencional de Musk para mover os servidores sem embalá-los adequadamente deixa especialistas horrorizados com a falta de segurança.
A decisão de Musk de não aguardar os serviços profissionais da NTT (empresa que hospedava os servidores), gerou preocupações diversas dos mais racionais dentro da empresa.
A ousadia de Musk não é isenta de consequências. A rápida transferência dos servidores resulta em problemas de privacidade, já que dados de usuários não foram apagados.
Este episódio, segundo informações da biografia, é uma prova clara do nível de sandice de Musk, que ignora conselhos, desencadeia instabilidade técnica no Twitter e gera transtornos para a plataforma nos meses subsequentes.
Musk, ao admitir em março de 2023 que o fechamento rápido de Sacramento foi um erro, confirma por conta própria toda a história retratada em sua biografia. Ele reconhece que “ainda há coisas que estão quebradas por isso”, demonstrando uma rara disposição para admitir falhas em meio à sua aura de inabalável autoconfiança.
Uma autoconfiança que ainda pode colocar o X a perder como um todo. A rede social do finado passarinho azul já perdeu força de mercado desde a chegada de Elon. Logo, ver esse processo continuar é bem mais fácil de prever do que imaginar uma virada repentina no jogo.
De gênio e louco, todo mundo tem um pouco. No caso de Elon Musk, ambos estão em proporções muito bem definidas.