Eu me esforço para tentar entender a complexa e perturbada mente de Elon Musk. E é por isso que eu insisto no tema das verificações de contas no Twitter.
O que era um rumor se confirmou. Tão logo Musk se tornou o CEO do Twitter, ele confirmou que a primeira grande mudança na plataforma é mesmo a cobrança do Twitter Blue e do sistema de verificação de contas na plataforma. Porém, a mudança neste aspecto é menos pior do que se esperava, e tem alguns argumentos que precisam de um pouco de reflexão.
Por incrível que pareça, Musk fundamentou a mudança com uma mudança de objetivo no uso dessa pequena marca azul que muitos gostariam de ter na conta do Twitter.
Um sistema de verificação de contas menos elitista
Elon Musk compartilhou com o mundo o seu pensamento sobre o novo sistema de verificação de contas no Twitter, incluindo o preço que pretende cobrar para que os usuários passem a ter essa pequena marca azul na identificação do seu username: US$ 8.
Os rumores que antecederam esse anúncio davam conta de que Musk poderia cobrar até US$ 20 para que os usuários pudessem receber essa autenticação de conta, o que fez com que muitos usuários ligassem um sinal de alerta. Afinal de contas, quem é que se interessa em pagar o preço de uma assinatura de uma Netflix ou de um Spotify para ter uma marca azul ao lado de um nome na rede social.
Isso mesmo que você pensou: ninguém.
Nem mesmo o Stephen King, que reclamou abertamente esse rumor e afirmou que certamente deixaria a plataforma se o preço para ter essa verificação de conta se tornasse uma realidade.
Musk respondeu King (porque era O Stephen King), afirmando que todo mundo teria que pagar para usar o Twitter Blue e, por consequência, ter uma conta verificada no Twitter. Mas reforçou que a ideia em que apenas os relevantes, aristocratas e celebridades poderiam contar com uma conta verificada era (nas palavras do próprio Musk) uma merda, e propôs um valor de US$ 8 para que qualquer pessoa pudesse ter esse tipo de certificação.
As palavras exatas de Elon Musk foram:
“O atual sistema de senhores e camponeses do Twitter de saber quem tem ou não um crachá de verificação azul é uma merda.”
Ou seja, no entendimento de Musk, qualquer pessoa pode (e deve) ter o direito de ter a conta verificada para que todos possam obter uma maior segurança em manter a sua identidade digital intacta, além de combater com maior eficiência o spam e casos de golpes virtuais ou suplantação de identidade na rede social.
Além disso, Musk promete outros benefícios agregados ao Twitter Blue, como a publicação de fotos maiores e vídeos mais longos que as contas normais, além de uma redução pela metade na exibição da publicidade na timeline, o que não deixar de ser algo interessante para quem quer usar o Twitter de forma menos poluída e com maior versatilidade que aquela oferecida pela conta tradicional.
Uma mudança maior do que parece
Elon Musk quer oferecer ao Twitter o mesmo modelo de negócios que muitas plataformas online oferecem hoje causando um pouco menos de barulho do que a rede social do passarinho azul causa hoje. E muito desse barulho está acontecendo por um simples motivo: o novo dono da rede social é o mesmo cara que lança perfumes com aroma de cabelo queimado.
Eu tenho quase certeza que algumas empresas e influenciadores vão apostar nesse investimento na conta verificada, pois US$ 8 não é um valor tão elevado assim… lá fora. E, ainda assim, eu entendo que o problema não é exatamente o dinheiro para receber uma certificação de conta no Twitter, mas sim convencer os usuários mais relevantes (e que, em teoria, são os maiores interessados no ‘blue check’) a permanecer no microblog.
Alguns estudos mostram que o Twitter está perdendo o interesse dos usuários mais ativos dentro da plataforma, e são justamente esses usuários aqueles que mais alimentam a rede social com conteúdo. Sem falar no perfil geral dos demais usuários, que estão interessados em outros temas dentro da plataforma que são mais difíceis de serem monetizadas pela publicidade.
O Twitter vai ter que contornar essa crise comportamental que está passando, e a cobrança para ter uma conta certificada na plataforma pode não ser exatamente a melhor iniciativa que Musk poderia tomar para manter essa galera ativa dentro do serviço. Por outro lado, o que são US$ 8 para influenciadores digitais e empresas que ganham milhares ou milhões de dólares todos os meses?
Eu realmente não sei se o usuário comum fará tanta questão assim em pagar R$ 40 por mês (não é o preço oficial, mas apenas um valor estimado) por causa de uma conta verificada. Os valores agregados que o Twitter precisa entregar nesse hipotético e novo Twitter Blue precisam ser muito mais relevantes que fotos com maior qualidade ou vídeos mais longos.
E, a essa altura do campeonato, reduzir a publicidade pela metade deveria ser um benefício direto para todos os usuários do Twitter, até mesmo para recuperar parte dos usuários que foram para outras plataformas.
Mas muito provavelmente Elon Musk jamais vai ler tudo o que eu escrevi até aqui.