Uma revolução está acontecendo no mundo da fotografia digital, e as câmeras mirrorless estão no centro dessa transformação. Mas… vamos voltar no tempo para entender melhor o que está acontecendo.
Até porque muitos entenderam que esse tipo de câmera não teria espaço junto ao grande público diante do fato dos smartphones entregarem câmeras excelentes. Mas sempre existe espaço para produtos que podem atender necessidades para públicos segmentados.
E para melhor compreensão do todo, precisamos voltar para o primeiro iPhone, o smartphone que fez com que o usuário passasse a se importar com a fotografia móvel.
Os números não mentem
No nascimento do iPhone, a câmera de 2 megapixels parecia uma adição modesta, incapaz até mesmo de gravar vídeos. A indústria fotográfica respirou aliviada, pois sua qualidade era limitada. Mas os anos que se seguiram trouxeram uma mudança radical.
Os smartphones, agora aprimorados em sua capacidade fotográfica, começaram a ameaçar as câmeras compactas tradicionais, desencadeando um cenário em constante evolução. Mas parece que o jogo virou de novo, e as câmeras compactas do tipo mirrorless voltam a ganhar evidência no mercado.
Os números não mentem: segundo o último relatório da Camera & Imaging Products Association, as vendas de câmeras mirrorless, com sua abordagem de uma lente, cresceram impressionantes 20% na primeira metade deste ano em comparação com o período anterior. Essa não é uma tendência isolada, pois marca o terceiro ano consecutivo de crescimento.
Os maiores saltos foram observados em diferentes mercados globais. Na China, as vendas cresceram 44%, enquanto no Japão o aumento foi de 30%. Na Europa, um modesto, mas notável aumento de 9% reforçou essa tendência.
E agora que está confirmando que as câmeras mirrorless estão ganhando protagonismo, vamos entender por que isso está acontecendo.
O mundo voltou ao normal, e a crise nos smartphones
Esse fenômeno é atribuído à normalização das viagens e ao impulso do turismo após a longa sombra da pandemia.
De acordo com a Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas, o primeiro trimestre de 2023 registrou um aumento de quase o dobro no número de viajantes internacionais em comparação com o ano anterior, atingindo quase 235 milhões de pessoas. Esse número se aproxima dos níveis pré-pandêmicos, um salto notável que alcança 80% do que era em 2019.
Enquanto as câmeras mirrorless celebram seu triunfo, um gigante está cambaleando. O mercado de smartphones, uma força transformadora por anos, está enfrentando uma crise nas vendas que não chega a ser uma surpresa.
As vendas globais caíram 7,8% no segundo trimestre deste ano, de acordo com dados da IDC. As perspectivas de recuperação não são claras, lançando uma sombra de incerteza sobre um mercado que já foi uma força dominante dentro dos eletrônicos de consumo.
Por outro lado, a ascensão das câmeras mirrorless não é apenas uma história de números, mas também de inovação tecnológica. A tecnologia de inteligência artificial, anteriormente reservada para smartphones e computadores, está agora encontrando um novo terreno nas câmeras fotográficas.
Um exemplo é a Nikon Z9, que pode detectar e focar oito elementos diferentes, incluindo pássaros e veículos. Essa integração de IA também oferece vantagens para iniciantes, evitando fotos desfocadas e ajustes de brilho inadequados.
Mas não é apenas a tecnologia que está impulsionando essa mudança de comportamento no segmento de fotografia. O fator peso também está desempenhando um papel fundamental.
Os fabricantes estão investindo em modelos mais leves, tornando as câmeras mirrorless uma escolha atraente para fotógrafos em movimento. Um exemplo notável é a Canon EOS R100, que pesa apenas 356 gramas, cerca de 10% mais leve que sua predecessora e apenas o dobro de um iPhone 14.
E com um potencial de registro fotográfico muito maior que aquele alcançado pelo smartphone da Apple. E isso é o suficiente para que os amantes da fotografia apostem nessas câmeras para o registro dos melhores momentos de suas vidas.