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Minha Irmã e Eu (2024) | Cinema em Review

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Atire a primeira pedra quem nunca rivalizou com um irmão ou irmã. Ou quem nunca se sentiu responsável por superproteger a tudo e todos por ser o filho mais velho. Ou quem não foi rebelde e desbravador por ser o filho mais novo.

Apesar de todo o receio de testemunhar mais uma bomba depois do decepcionante “Mamonas Assassinas – O Filme”, ir ao cinema para ver “Minha Irmã e Eu” com as expectativas baixas é uma boa estratégia para se divertir com o filme.

Até porque a melhor parte dessa experiência é perceber que o filme tem motivos (e méritos) de sobra para conseguir levar mais de 1 milhão de brasileiros para as salas de cinema, mesmo com todos os seus clichês e obviedades.

 

Uma experiência de identificação

“Minha Irmã e Eu” cai fácil no gosto popular por vários motivos que funcionam dentro de sua proposta, mas muito em partes pela competência das protagonistas, Ingrid Guimarães e Tatá Werneck.

Tudo bem, eu sei que a Tatá não é uma unanimidade por sua habilidade de dicção e articulação de palavras em alta velocidade. Porém, sua capacidade de improvisação torna o tipo de humor que ela entrega algo singular.

O que, neste caso, acaba funcionando na proposta do filme em mostrar irmãs com personalidades bem diferentes. A mais velha (Ingrid) é mais centrada, responsável e… óbvia. Tem uma vida comum na cidade do interior, é esposa e mãe, e assumiu a responsabilidade de cuidar da mãe nos últimos anos.

Já a irmã mais nova (Werneck) é dinâmica, ousada, irreverente, sarcástica e acelerada. Se compromete com ela mesma, abraça o mundo e lida com as consequências de suas irresponsabilidades.

No meio das duas, tem a mãe (Arlete Salles), que tem 75 anos, mas é encarada como um fardo pelas duas filhas. E quando percebe que se tornou um peso, decide sumir por uns tempos, saindo para o mundo… algo que toda mãe disse que faria para os filhos no meio de discussões por qualquer bobagem.

Praticamente todas as famílias brasileiras contam com parentes com essas personalidades e perspectivas. É impossível assistir ao filme e não pensar nos nossos conflitos parentais banais, falas e comportamentos adotados e até mesmo em alguns temas mais delicados que essa história aborda de forma leve e divertida.

É fácil se identificar com essas histórias, e boa parte da experiência do filme se prova positiva justamente pelo espectador se reconhecer nesses personagens. Aqui, o mérito é do roteiro que, mesmo sendo previsível, permitiu que Ingrid e Tatá desenvolvessem bem suas respectivas personalidades ao longo da trama.

As irmãs vivem suas respectivas jornadas de reflexão e aprendizagem ao longo da jornada, no melhor estilo “Thelma & Louise”. Pode não ser a história mais original do mundo, mas pelo menos ela funciona: é orgânica, divertida e conectada com a realidade, principalmente do universo feminino.

Não é uma história que aborda apenas os conflitos familiares, que podem ser divertidos ou dramáticos. É uma história que fala principalmente de escolhas.

Os três atos do filme podem ser definidos em três premissas básicas: “Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos?”.

E ao longo dessa jornada, as irmãs Miriam e Mirelly (e até mesmo a mãe, Dona Márcia) se redescobrem como pessoas, o que determina cada uma das decisões que essas personagens tomam ao longo da trama, apontando sempre para a última pergunta da premissa: Para onde vamos?

Etarismo, sistema patriarcal, os meios tradicionais de educação dos filhos (e a influência que os pais exercem sobre os pequenos), machismo, os questionamentos sobre os comportamentos do passado e presente, hipocrisia, sexualidade da mulher madura, conceitos de fidelidade, independência feminina, a coragem de se jogar no mundo para ser feliz… todos esses temas são discutidos em 1h52 de filme.

E mesmo depois de muitas risadas, você vai sair do cinema pensando em tudo isso.

 

Vale o ingresso?

Sim. “Minha Irmã e Eu” vale o ingresso.

O filme é muito competente no que se propõe a ser: reflexivo e divertido. Na sessão em que assisti ao longa (com um público considerável, reforçando a popularidade do longa), as pessoas não tiveram pudores em rir ou gargalhar em vários momentos.

A história funciona porque o roteiro permite que Ingrid e Tatá apresentem suas veias cômicas em estado puro e no máximo potencial. O filme não cansa porque as duas não deixam a trama ficar pesada ou cansativa.

E mesmo com toda a obviedade do roteiro, que é previsível nos acontecimentos (inclusive no final do filme), “Minha Irmã e Eu” é um filme que alcança os seus objetivos de forma simples e prática.

O único problema mesmo está na parte de divulgação do filme, que não apenas explica a premissa da história, mas também revela pontos importantes da trama, incluindo a ideia de como aquele conflito será resolvido, o que é um desserviço.

Se você não viu a nenhum trailer de “Minha Irmã e Eu” (e eu não vou colocar o trailer neste artigo), é melhor. Acredite em mim, você só precisa das informações que eu escrevi neste texto para assistir ao filme e se divertir.

Pode ir aos cinemas sem medo. A experiência de “Minha Irmã e Eu” vale o ingresso. Com certeza você vai se divertir ao rir de si mesmo e da relação com seu irmão ou irmã.

Quem sabe você não telefona para ele (ou ela) após o final do filme, só para saber como ele (ou ela) está. Lembre-se que ele é a pessoa que mais se parece com você, que mais está propensa a te entender, e que estará ao seu lado de forma incondicional.

Ou não, já que a rivalidade entre vocês é enorme. E vocês adoram isso, pois… convenhamos… rivalidade entre irmãos  sempre foi algo muito divertido.


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@oEduardoMoreira