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NEC PC-98: como era o clone japonês do IBM PC

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O IBM PC chegou ao mundo em agosto de 1981, e conquistou o mercado de assalto, estabelecendo um padrão para os computadores pessoais que perdura até os dias de hoje.

Esse computador dominou o mercado no ocidente. Os países do oriente se contentaram com os clones do IBM PC, já que naquela época as fronteiras comerciais entre os dois mundos ainda eram muito bem estabelecidas, sem a abertura de mercado que encontramos hoje.

Então, a NEC lançou o seu clone do IBM PC, que deu muito certo. O NEC PC-98 chegou ao mercado asiático em outubro de 1982, iniciando o domínio da marca neste segmento.

A partir de agora, eu apresento esse interessante capítulo da história da informática moderna.

 

O contexto do mercado de informática da época

A Commodore começou a introduzir no mercado japonês uma variante dos seus computadores PET, com teclado, configurações e interface de software com os caracteres em katakana.

Ao mesmo tempo, a NEC anunciou os seus planos de ingressar no mercado de computadores. Depois desse anúncio, as vendas da Commodore no Japão despencaram nada menos que 99%.

Ou seja, o mercado japonês deixou claro que queria um computador que se adaptasse POR COMPLETO às exigências dos seus usuários, já que o IBM PC não entregava o suficiente e atendia especificamente ao mercado ocidental.

E isso faz sentido. O conjunto de caracteres ocidentais conta com 256 elementos, e não podem ser integralmente traduzidos para os ideogramas japoneses. Todos os sistemas de escrita existentes no Japão entregam combinados mais de 50 mil elementos, o que exige um desenvolvimento de software específico para contemplar todos os itens.

Ou seja, a NEC era perfeita para contemplar essas exigências.

A NEC lançou os seus computadores em três fases, começando pelo PC-8001 em maio de 1979. Depois, lançou os modelos PC-6001 e PC-8801 em novembro de 1981, e ambos foram sucesso de vendas. Por fim, o PC-9801 chegou ao mercado em 1982, consolidando a empresa de vez no mercado de computadores pessoais no Japão.

 

Como era o NEC PC-98?

A versão original do NEC PC-9801 contava com um processador da própria NEC que era um clone do Intel 8086, funcionando a 5 HMz, 128 kilobytes de RAM (expansíveis para 640 kilobytes) e dois controladores de tela para gerenciar texto e gráficos.

O modelo entregava uma resolução máxima de 640 x 400 pixels e 8 cores, e era retrocompatível com periféricos e acessórios das gerações anteriores, incluindo monitores, leitores de disquetes o software desenvolvido em N88 BASIC.

O NEC PC-9801 ainda podia executar ports especiais do MS-DOS e receber um chip ROM dedicado ao kanji, o que permitia que o computador recebesse processadores de texto em japonês e outros aplicativos de diferentes categorias.

Este computador não era 100% compatível com o IBM PC, pois contava com diferenças técnicas importantes na RAM, tabela de partições do disco rígido, na BIOS, no tipo de unidades de disquete que o sistema proprietário da NEC utilizava, associação das letras de unidade de inicialização e sistema de vídeo.

Falando especificamente no sistema de vídeo utilizado pela NEC, a empresa conseguiu expandir a paleta de cores utilizada nos seus computadores para 4.096 em 1985. Isso transformou o PC-98 em um equipamento muito popular junto aos desenvolvedores de jogos.

 

Conclusão

O NEC PC-98 é a prova cabal que um clone pode ser muito melhor do que o produto original em muitos casos. Ele conseguiu ir muito além de ser um clone genérico do IBM PC, entregando melhorias específicas nas configurações e no funcionamento geral.

Ao mesmo tempo, o trabalho do NEC PC-98 foi muito bem-feito, a ponto de entregar compatibilidade suficiente para receber outros ecossistemas muito importantes para o desenvolvimento informático, como são os casos do MS-DOS e do Windows.

O resultado desse trabalho bem feito foi a dominância do mercado de informática do Japão por parte da NEC, que tinha nas mãos pelo menos metade dos computadores produzidos no país em 1989.

E a maior prova da competência do NEC PC-98 é que essa série permaneceu no mercado japonês até setembro de 2003. Ou seja, nada menos que 21 anos de serviços prestados, e mais de 18 milhões de unidades vendidas.


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@oEduardoMoreira