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O Google Docs é melhor que o Tinder, e eu posso provar

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Sou defensor da inovação e do fator “vamos sempre pensar fora da curva”. Fazer a mesma coisa o tempo todo nos deixa limitados, estagnados e retrógrados. Logo, para mim faz todo o sentido do mundo falar sobre isso nesse momento.

A revolução digital tem transformado diversos aspectos das nossas vidas, inclusive a maneira como buscamos relacionamentos amorosos. As tradicionais técnicas de paquera em bares e discotecas foram deixadas para trás, enquanto aplicativos especializados como o Tinder e o Grindr assumiram o centro do palco da pegação, principalmente depois da mais grave crise sanitária de nossa geração.

Mas… e se eu te disser que até o Tinder está ficando para trás neste aspecto? Nem todo mundo gostou da mudança para o aplicativo de pegação, e alguns usuários estão buscando alternativas consideradas inusitadas para buscar aquela interação gostosa com outras pessoas.

 

O Tinder sempre foi para a pegação

Não é essa maravilha toda na hora de conseguir alguém para um encontro ou sexo casual. Tudo é muito superficial na plataforma, e as pessoas se importam muito mais com a aparência alheia do que qualquer outra coisa.

Se bem que o Tinder foi feito para funcionar exatamente desse jeito. Por mais que a plataforma tenha se esforçado para promover interações mais profundas e elaboradas a partir de uma interação através de conversas por texto, todo mundo está mesmo interessado em pegar o Rodrigo Hilbert ou a Isis Valverde em um universo alternativo.

E… minha senhora com mais de 70 anos desiludida com as bodas de ouro que se aproxima… a senhora não vai encontrar o amor verdadeiro naquele estudante de medicina veterinária de 22 anos que estava lá com a foto clássica sem camisa olhando para o pôr do sol… no Tinder.

Então… a engenheira de software Connie Li experimentou essa frustração no Tinder após a ruptura de uma relação amorosa, tal e como pode acontecer com qualquer pessoa. Ao retornar ao mundo dos aplicativos de relacionamento, encontrou uma série de pretendentes pouco interessados em algo sério.

E isso, para mim, é surpresa zero.

Determinada a encontrar uma alternativa, ela decidiu se arriscar e pensar fora da caixa. E a solução para ela veio em forma de Google Docs.

Sim, você leu corretamente. O mesmo Google Docs que eu estou utilizando para escrever este conteúdo.

 

O Google Docs substituindo o Tinder

Connie elaborou um extenso documento descrevendo sua personalidade e características físicas, criando uma espécie de currículo amoroso online, o que não é algo muito diferente daquilo que existia no começo da internet comercial em plataformas como o Almas Gêmeas do Terra ou até mesmo as comunidades do Orkut e alguns grupos do Facebook.

O que chama a atenção mesmo neste caso é que a nossa amiga Connie fez um Curriculum Vitae amoroso em um documento de texto do Word, como se fosse uma oferta de emprego ou carta de admissão para a universidade.

Utilizando o Notion, ela desenvolveu um conteúdo detalhado e verdadeiramente autêntico sobre ela mesma. Em seguida, transferiu o material para o Google Drive, configurando o documento para compartilhamento somente em modo de visualização, já que a última coisa que ela poderia querer é que um desconhecido descontextualizasse tudo o que ela escreveu em seu perfil romântico.

O movimento de Connie ganhou força, e foi batizado de “Date-me docs”, convencendo adeptos que adotaram a mesma estratégia. Diversas pessoas têm publicado suas “ofertas de amor” em diferentes plataformas de texto online, e a abordagem tem sido comparada, por alguns, aos anúncios de encontros pessoais que eram comuns nos jornais do passado.

É uma espécie de “volta ao começo” nas interações humanas, só que utilizando uma plataforma tecnológica do presente, em uma abordagem bem fora da curva. E eu realmente acredito que esse tipo de abordagem é mais orgânico do que aquela sugerida pelo próprio Tinder, já que não existe a influência de uma plataforma (e suas visões superficiais para conectar pessoas) por trás daquele texto.

 

Deu certo?

É claro que sim! Ou eu perderia o meu precioso tempo produzindo esse conteúdo se não tivesse dado certo?

Nesse novo mundo digital, onde a inteligência artificial permeia nossa rotina, os resultados foram surpreendentes para Connie Li. Graças ao seu ousado currículo amoroso, ela recebeu contatos de 15 homens que compartilhavam o mesmo interesse em construir algo sério.

E isso é algo simplesmente sensacional. Afinal de contas, não se trata de uma simples fotografia de uma pessoa em pose sensual ou frase motivacional copiada de alguma pesquisa rasa no Google (ou pior, de um grupo de relacionamentos no Facebook), mas sim de uma exposição genuína da personalidade de cada pessoa.

Tudo se baseou na simples exposição objetiva do que a Connie tem de melhor por dentro e, no final das contas, é isso o que deveria ser o mais importante para as pessoas na hora de se conectar com outras pessoas. Bom, quero dizer, sexo é ótimo, mas no final, você ainda vai querer conversar com aquela pessoa depois do orgasmo.

Essa nova estratégia tem atraído a atenção de especialistas como Katja Grace, que têm analisado os “Date-me docs”. Segundo ela, os indivíduos que se destacam são aqueles que conseguem ressaltar suas qualidades e apresentar-se como boas pessoas para possíveis candidatos ou candidatas a compartilhar a vida.

Se a outra pessoa se transforma em um sociopata ou em uma serial killer, é outro departamento.

No final, a verdade é uma só (tem mais, mas não quero estender muito o artigo): a internet oferece possibilidades infinitas, e as formas de conexão evoluem constantemente. Seja através de aplicativos de relacionamento ou de documentos compartilhados, as pessoas têm a liberdade de experimentar e encontrar a melhor maneira de expressar suas personalidades e desejos.

Enquanto alguns ainda optam por mergulhar no vasto oceano dos aplicativos de paquera onde as interações tendem a ser mais superficiais e pouco aprofundadas, outros encontram refúgio em estratégias criativas, como os “Date-me docs”. O importante nessa vida é ser autêntico e, acima de tudo, não desistir.


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@oEduardoMoreira