Quem poderia imaginar que isso iria acontecer…
E há muitas pessoas confusas neste momento. Será que todos os milionários e bilionários viraram comunistas? É o mundo reverso do Stranger Things? Por que quem tem muita grana está despejando tanto dinheiro em filantropia e caridade?
É claro que não existe almoço de graça nessa onda filantrópica. O novo padrão para magnatas do calibre de Laurene Powell Jobs, Bill Gates e até mesmo Mick Jagger contraria a lógica racional do capitalismo selvagem, dando um nó na cabeça dos mais céticos.
Esses titãs financeiros, em vez de acumularem riquezas para suas próximas gerações, estão desafiando a tradição, optando por doar suas vastas fortunas para causas benéficas.
Por que isso está acontecendo?
É uma epidemia de caridade (ou ao menos é o que parece)
Começando por Laurene Powell Jobs, que herdou cerca de 10 bilhões de dólares de seu falecido marido, Steve Jobs. Ela está determinada a não transmitir essa herança monumental aos seus herdeiros, atendendo assim à vontade do cofundador da Apple.
Desafiando a concepção tradicional de acumulação de riqueza familiar, Powell Jobs destaca a importância de dar um propósito significativo à fortuna acumulada ao longo dos anos. Ou pelo menos é esse o discurso que ela quer vender ao mundo.
Enquanto isso, Mick Jagger, o líder dos Rolling Stones, está considerando vender os direitos de suas músicas icônicas, como ‘Satisfaction’ e ‘Paint it Black’, desistindo assim de uma parte substancial de sua fortuna estimada em 425 milhões de libras.
Em uma entrevista ao The Wall Street Journal, Jagger declarou que seus filhos não precisam de 500 milhões de dólares para viver, desafiando, dessa forma, a noção de herança como garantia de conforto.
Bill Gates, um exemplo que inspira outros bilionários
O compromisso filantrópico de Bill Gates é igualmente notável.
O fundador da Microsoft, junto com sua esposa, lançou a Fundação Bill e Melinda Gates, canalizando não apenas os 108 bilhões de dólares que Gates acumulou, mas também atraindo outros bilionários como Warren Buffett em suas iniciativas filantrópicas, que contribui com 3.5 bilhões anualmente. O objetivo de Buffett é doar 160 bilhões de dólares antes de morrer, cumprindo a promessa de doar 99% de sua fortuna acumulada em vida.
Mark Zuckerberg, o visionário por trás do império Meta, adota uma abordagem semelhante. Com uma fortuna de cerca de 108 bilhões de dólares, Zuckerberg e sua esposa, Priscilla Chan, decidiram que suas filhas não herdarão essa vasta riqueza.
Em vez disso, 99% das ações da Meta, avaliadas em cerca de 45 bilhões de dólares, serão destinadas à fundação Chan Zuckerberg, dedicada a promover a igualdade entre crianças em todo o mundo.
Elon Musk, na contramão das tendências (pra variar)
Por outro lado, figuras como Jeff Bezos e Elon Musk adotam uma postura menos compromissada com a filantropia.
Bezos, embora não tenha prometido doar toda a sua fortuna, planeja contribuir com 10 bilhões de dólares para causas filantrópicas. Entretanto, suas extravagâncias como iates e mansões, levantam dúvidas sobre o legado financeiro que deixará para seus herdeiros. Tudo leva a crer que seus filhos ficarão melhores do que os herdeiros de Gates no futuro, mas isso é pura especulação da minha parte.
Já Elon Musk está enfrentando problemas financeiros sérios com o caro X (aka Twitter), o que pode resultar em problemas na hora de doar quantias substanciais para a filantropia. E muito provavelmente o seu filho com a Grimes também deve se beneficiar desses problemas de alguma forma, já que prejuízos para Musk significam lucros para essa criança de nome impronunciável.
Então… por que essa onda de caridade?
Na verdade, quando olhamos com uma certa lupa para os detalhes dessa onda de caridade, podemos identificar um padrão que revela onde está a pegadinha aqui.
Entenda, amigo leitor: bilionários continuam a ser capitalistas, e procuram maneiras de seguir lucrando mesmo depois de mortos. Ou, neste caso, em reduzir eventuais prejuízos (o que é o mesmo que ganhar dinheiro). E todos os seus herdeiros precisam agradecer por isso.
Nos Estados Unidos (diferente do Brasil), os impostos sobre as grandes heranças são elevados. E essa grana toda pode, em alguns casos, ser retirada dos milionários e bilionários ainda em vida. Basta um testamento para ferrar com tudo.
E… você concorda que 10% da fortuna de Bill Gates muda a vida de qualquer pessoa. Certo?
Então, é um favor para os herdeiros não ver esse dinheiro saindo antes mesmo de chegar em suas respectivas contas bancárias.
Sem falar que boa parte dessa “filantropia” está indo para as contas dos próprios filantropos, já que é dinheiro doado para instituições fundadas por eles mesmos. E esse dinheiro “doado” está isento de impostos… porque é doação!
Entendeu a pegadinha aqui?
Então, caro amigo que está preocupado com o vírus comunista… pode respirar um pouco mais aliviado.
Infelizmente o mundo não está ficando comunista (pois seria um mundo bem melhor), e os grandes magnatas continuam pensando no lucro acima de tudo. Ou, neste caso, na redução dos prejuízos no presente e no futuro.
E até mesmo a filantropia e a caridade podem ser monetizadas.