Eu não cheguei a falar sobre isso nos meus blogs, mas entendo que este é um capítulo recente da história da tecnologia que merece ser resgatado, só para entender como tudo terminou.
Não sei se você se lembra disso, mas vou tentar: nessa mesma época do ano em 2022, um CEO de uma empresa decidiu demitir 900 funcionários de uma única vez através de uma chamada de vídeo no Zoom. E tal medida ficou bem longe de ser a decisão mais inteligente que esse executivo tomou na vida.
Um ano depois dessa demissão em massa através de uma chamada de vídeo, chegou a hora de ver como estão todos os envolvidos neste momento.
Do nada, 900 funcionários demitidos pelo Zoom
O autor da proeza foi Vishal Garg, CEO da Better.com. De uma hora para outra e em poucos minutos de chamada de vídeo, ele mandou embora 15% dos seus funcionários ou 900 pessoas via Zoom.
E não pense que este foi um caso isolado na empresa. Em 2020, o mesmo Garg enviava mensagens ameaçadoras para os seus funcionários, causando desconforto para quem trabalhava na empresa.
E o mais estranho de tudo isso é que a empresa se chamava Better.com, o que mostra um certo equívoco na escolha do nome.
Garg chegou a publicar um texto anônimo no fórum profissional Blind acusando os funcionários demitidos de roubo contra a empresa ao trabalharem apenas duas horas por dia.
Depois alegou que analisou os dados de produtividade dos funcionários, e concluiu que quem foi demitido tinha elevadas taxas de chamadas telefônicas perdidas, chamadas recebidas e atrasos em reuniões.
Nada disso serviu de justificativa. Quando o caso veio à tona, uma chuva de críticas caiu na cabeça da Better.com. vários diretores da empresa se demitiram, e o CEO decidiu se afastar da empresa por um tempo “para descansar”.
Sério. Ele disse isso.
Quem ficou na empresa decidiu realizar uma investigação sobre a cultura empresarial e a liderança da empresa. E a parte mais surpreendente é que após toda essa auditoria, a Better.com demitiu mais 3.000 funcionários.
O CEO mais uma vez foi acusado de seus atos, e esses funcionários sequer ficaram sabendo de suas demissões antes. Só foram “comunicados” da decisão quando viram em suas contas bancárias os valores da indenização pelo desligamento de seus respectivos postos.
E isso é tudo o que se soube do caso quando ele foi dado por encerrado. Agora, vamos descobrir como todos os envolvidos estão, um ano depois das demissões pelo Zoom.
É claro que tudo isso ia dar errado…
As coisas não melhoraram muito para a Better.com depois de um ano da demissão em massa via Zoom.
Uma fonte interna revelou que a empresa estava perdendo até US$ 50 milhões por mês, mas seus executivos afirmam o tempo todo que confiam que estão “em um bom caminho para o futuro”.
Algo que é inconclusivo no presente, especialmente quando o futuro indica que aquela luz no fim do túnel é mesmo o trem vindo na direção contrária.
A situação atual da Better.com é mais que evidente. Seus diretores informaram por e-mail aos funcionários que toda a instabilidade econômica atual está prejudicando o desempenho da empresa, e mais uma leva de demissões em massa deve acontecer.
E essa será a terceira em cinco meses.
Além disso, nosso amigo Vishal Gang está sendo processado por – olha só, vejam vocês – “enganar os investidores”, já que uma ex-funcionária da Better.com processou a empresa e seus diretores por fornecerem declarações falsas sobre as perspectivas financeiras e a rentabilidade.
No processo, Garg é acusado por tergiversar as declarações financeiras relativas à Better.com para garantir que os investidores concluíssem o processo de fusão da SPAC no lugar de abandonarem a transação.
O CEO se explicou (mais uma vez por e-mail) com os seus funcionários, assumindo a responsabilidade sobre o empréstimo realizado pela SoftBank para concluir a fusão, reconhecendo que ficou com US$ 750 milhões do US$ 1.5 bilhão fornecidos pelo banco.
E tudo isso está acontecendo ao mesmo tempo em que a Better revelou que suas perdas líquidas do quarto trimestre de 2022 poderiam chegar a US$ 182 milhões.
Para concluir essa montanha russa dos absurdos, o advogado de Garg (que é pago inclusive para fazer declarações de impacto) afirma que confia nas práticas financeiras e contáveis da empresa, e defenderá energicamente a Better.com neste processo.
Olha… esse advogado tem que ser muito bom, pois defender o indefensável é uma tarefa muito difícil na vida.