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Que fim levou o GeoCities?

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Não há reino que dure mil anos na internet. Nem aqueles reinos que praticamente inauguraram a rede mundial de computadores, como é o caso do GeoCities.

Essa plataforma assimilou parte da internet como se fosse uma gigantesca metrópole. Literalmente, já que estava dividida em distritos. E seu nome desperta nos internautas mais velhos nostalgia, angústia (porque o tempo passou, e todos nós envelhecemos) e, principalmente, retinas queimando.

O GeoCities protagonizou uma revolução própria na internet, com uma oferta de web hosting simples, prática e democrática. Qualquer um poderia criar um site e publicar conteúdos sem saber uma linha sequer do código HTML.

Então… por que o GeoCities desapareceu?

 

O enorme amor por GIFs e cores vibrantes

O GeoCities nasceu em 1994 pelas mãos de David Bohnett e John Rezner. Na época, a plataforma oferecia o serviço de hospedagem de páginas web para pessoas que não tinham conhecimento do código HTML de graça, com 2 MB para armazenamento de conteúdo.

O grande diferencial do GeoCities era a sua organização. Ele se apresentava como uma grande metrópole, se dividindo em distritos que, na prática, eram as categorias. Esse combinado de páginas formavam as comunidades com assuntos e interesses em comum.

E os nomes eram bem descolados para a sua época:

  • HotSrpings (conteúdos sobre saúde)
  • Area 51 (para os fãs de ficção científica e fantasia)
  • WestHollywood (para a comunidade LGBTI)
  • Colosseum (esportes)
  • RodeoDrive (compras)

Cada usuário (ou homesteader) era hospedado em um bairro em específico e devidamente alinhado com o tipo de conteúdo que produzia, recebendo um número único, como se fosse um código postal, formando assim a URL de sua página no serviço.

A estética das páginas web no GeoCities era outra característica muito peculiar. Naquele tempo, todo mundo amava os GIFs animados, as cores vibrantes, os sons em formato MIDI e todo e qualquer elemento que pudesse chamar a atenção do internauta pelo apelo visual.

Eram outros tempos, e todo mundo estava conhecendo a internet como um todo. Hoje, o formato minimalista é o dominante. Mas naquele tempo, todo mundo estava experimentando os formatos, e o apelo visual era a tendência. Assim como as roupas extravagantes e cheias de tons berrantes também estavam em destaque.

Em 1997, o GeoCities estava no Top 5 dos websites mais visitados da internet, e foi agregando com o passar do tempo outros recursos como chats, painéis de anúncios e outros elementos que reforçavam o conceito de comunidade na plataforma.

 

O início do fim do GeoCities

O GeoCities precisava ser rentável pelo seu próprio crescimento. Por causa disso, tomou decisões que não foram muito bem recebidas por alguns usuários, como a incorporação de publicidade e incorporação de marca d’água em algumas imagens.

Mas o início do fim do GeoCities pode ser determinado pela compra do serviço por parte do Yahoo! em 1999, em um valor que até mesmo nos dias de hoje impõe respeito: US$ 3.6 bilhões.

Muitos usuários do serviço não gostaram dessa compra, principalmente depois que vieram a público alguns termos iniciais do acordo nos aspectos dos direitos dos conteúdos publicados na plataforma, sem falar nas mudanças de URLs promovidas pelo Yahoo!

Para piorar a situação, a compra do GeoCities pelo Yahoo! aconteceu justamente no período da “bolha do ponto com”, o que impediu que essa plataforma de comunidades de páginas web não se tornasse rentável, já que seus novos donos não conseguiram se adaptar aos novos tempos da web.

O resultado disso?

Mais de 38 milhões de páginas foram desaparecendo com o passar do tempo, pois outras plataformas similares e mais versáteis foram aparecendo. E com a massificação das redes sociais, o GeoCities não tinha a menor chance.

Em abril de 2009, o Yahoo! anunciava o fechamento gradual do GeoCities nos Estados Unidos. No Japão, o serviço só encerrou em 2019, alegando dificuldades tecnológicas e econômicas para se manter em pé. Ainda assim, a plataforma não é esquecida, pois esforços como Reocities e The Archive Team conseguem preservar parte de sua memória.

O GeoCities foi um dos percussores da internet, e foi um capítulo importante para a popularização da web. Muitos de nós (eu, inclusive) começaram a escrever para a web com uma página neste serviço. Para muitos de nós, os primeiros passos para o ponto onde estamos hoje nessa caminhada foram dados dentro dessas comunidades cheias de GIFs animados e sons MIDI.

Bons tempos.

Saudades.


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@oEduardoMoreira