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Que fim levou o KaZaaa?

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Senta aí, jovem. Vou contar uma história para você.

Entre 2000 e 2004, o KaZaa Media Desktop (ou simplesmente KaZaa para os mais íntimos) se tornou em uma das sensações da internet. Ele, assim como outros softwares da época, era uma das mais populares ferramentas para trocas de arquivos pela web. E aqui, leia-se de forma prioritária músicas e vídeos.

Muitos internautas veteranos utilizaram o KaZaa como se não houvesse o amanhã (e muitos de nós acreditamos que não haveria um amanhã se não fizesse o download daquela música nova dos Backstreet Boys), e é curioso pensar que hoje ele não existe.

Então… que fim levou o KaZaa?

 

O rei Napster caiu. Viva o novo rei!

O Napster foi lançado em 1999, em uma época em que a internet era utilizada pela maioria dos usuários através de modems de 56 Kbps via ADSL. E esse software foi o principal responsável pelo surgimento de tantos outros aplicativos para download e compartilhamento de arquivos pela rede mundial de computadores.

Aqui, você já deve saber por que o Napster fez tanto sucesso: em uma internet que estava bem longe de alcançar as elevadas velocidades que utilizamos hoje, era uma vitória poder dividir um arquivo em várias partes e realizar o download dessas partes rapidamente, montando o arquivo final em nosso computador no menor tempo possível.

Na esteira do Napster, surgiu o KaZaa Media Desktop, que viria a ser o seu primeiro grande sucessor. Com ele, apareceram vários outros programas que revolucionaram o compartilhamento e a comunicação online, como o Morpheus e o Skype.

A primeira grande geração de internautas utilizou todas essas soluções para estabelecer a sua relação com a rede mundial de computadores, e todos esses recursos foram melhorando com o passar do tempo. Por outro lado, a guerra contra o compartilhamento de arquivos protegidos por direitos autorais começou de forma quase imediata, onde a banda Metallica foi a principal pedra no sapato do Napster.

E quando o Napster caiu, todo mundo migrou para o próximo software mais bem colocado na preferência dos internautas. E esse programa era o KaZaa.

 

Por que todo mundo usava o KaZaa? E por que todo mundo parou de usar esse programa?

Assim como aconteceu com o Napster, a indústria fonográfica da época contribuiu para a queda do KaZaa. Mas este não foi o único motivo para o desaparecimento deste programa.

O KaZaa se destacou em relação aos seus concorrentes como eDonkey e Soulseek porque era muito fácil de usar, beneficiando assim a maioria dos usuários. E essa praticidade fez com que as gravadoras começassem a sabotar o software, enchendo a internet de arquivos de música falsos, danificados ou incompletos, com o objetivo de frustrar a experiência dos usuários do programa.

Porém, um dos grandes problemas do KaZaa foi a tentativa desastrosa dos seus idealizadores em rentabilizar o uso desse software. E como eles fizeram isso? Da forma mais estúpida possível: enchendo o programa de publicidade e adware.

A comunidade de usuários se irritou a tal ponto, que versões alternativas e modificadas do software original apareceram, suprimindo a publicidade e mantendo o que era considerado essencial para o compartilhamento de arquivos. A consequência disso é que o KaZaa Lite se tornou mais popular que a versão principal (e nem era uma modificação oficial do software).

Para piorar a situação, os responsáveis pelo KaZaa decidiram processar os criadores do KaZaa Lite por “violação de copyright”, o que chega a ser irônico. De qualquer forma, os donos do software principal não estavam considerando o fato que a versão Lite do programa estava (na prática) ajudando a aumentar a popularidade da marca KaZaa na internet.

No final, aconteceu o de sempre: a morte do KaZaa Lite resultou no surgimento de outras versões otimizadas e não-oficiais do software principal, como Diet KaZaa, KaZaa Lite Tools ou K-Lite. E o KaZaa (o programa principal) nunca mais foi considerado pelos usuários uma opção valida para download e compartilhamento de arquivos na web.

 

Uma morte vergonhosa

O surgimento de softwares melhores e mais eficientes dentro da proposta P2P (como foi o caso do Ares) e as diversas ações judiciais obrigaram os donos do KaZaa a vender a plataforma em 2006 pelo ridículo valor de 79 milhões de euros.

Esse valor serviu para pagar as indenizações pendentes e “legalizar” o aplicativo. Porém, paralelo a isso, os responsáveis pelo software Morpheus processaram o KaZaa por práticas de máfia, o que contribuiu mais um pouco para o desaparecimento do serviço.

No final das contas, a marca KaZaa passou a fazer parte do ciclo típico de todas as marcas decadentes ou falidas: foi sucessivamente revendida por preços cada vez menores para empresas que tentaram (sem sucesso) torná-la rentável.

Em 2011, um aplicativo para smarpthones chamado KaZaa tentava mudar a estratégia comercial da marca do P2P para o streaming de música, na tentativa de competir com um certo serviço que estava em plena ascensão na época: um certo Spotify.

E bem sabemos qual é a força dominante dentro do mercado de streaming de músicas neste momento. Mas isso é assunto para outro post.


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@oEduardoMoreira