Press "Enter" to skip to content
Início » Variedades » Se você não sabe dançar, a culpa é dos genes dos seus pais

Se você não sabe dançar, a culpa é dos genes dos seus pais

Compartilhe

Como bem disse um dia Renato Russo em uma canção muito conhecida: “Você culpa seus pais por tudo, e isso é um absurdo”.

Menos neste caso.

E você precisa entender logo de cara que nem tudo o que deu errado em sua vida é necessariamente culpa sua. Calvície, impotência sexual e a falta de coordenação motora podem ser culpa dos seus pais, que sequer se preocuparam com o seu futuro para não evitar nenhum desses males na época deles “onde tudo era melhor” #SóQueNão.

A ciência agora descobriu que o fato de você não entender que um dos elementos fundamentais da música é o desconhecido elemento em sua vida chamado RITMO pode ser sim culpa dos seus pais. Ou de algum parente distante que deixou um código genético amaldiçoado em sua vida.

 

Dançar também é um processo genético

Para algumas pessoas, dançar no ritmo da música é algo absolutamente natural e fluído. Felizmente, eu consigo acompanhar o tempo de qualquer melodia, e isso é fundamental para a prática de música em canto coral.

Porém, eu não sou o melhor exemplo para a maioria das pessoas. Além de crescer em um lar que tinha música o tempo todo (agradeço ao meu pai, porque ele foi radialista e fez algo que preste por mim: levar os discos da programação musical da rádio para a casa todo final de semana), eu leio partitura desde os meus 21 anos de idade.

E a maioria das pessoas que tem vida social não faz isso.

Muitas pessoas vão parar em uma aula de dança para passar menos vergonha nos bailes, festas e eventos sociais. E ver alguém totalmente sem ritmo na vida era algo quase inexplicável. Mas existe a ciência para encontrar respostas para perguntas que são sim menos relevantes que a cura do câncer, mas que não deixam de afetar a um número considerável de indivíduos que tropeçam até no caminhar cotidiano, que dirá dançando.

Muitos dos genes associados com a sincronização do ritmo estão envolvidos na função do sistema nervoso central, incluindo os genes relacionados com o desenvolvimento do cérebro e das zonas auditivas e motoras.

Ou seja, o ritmo no ser humano não é algo que pode ser influenciado por um único gene, já que os atos de bater, aplaudir e dançar em sincronia com o ritmo da música são resultantes de um conjunto de genes que fazem parte da musicalidade humana.

Logo, fica fácil concluir que se os seus pais nunca desenvolveram esses genes ao longo da vida, as chances da mesma coisa se repetir com você são enormes. E isso pode explicar por que você ouve uma canção pop dançante da Lady Gaga e se comporta dançando como se estivesse ouvindo um pagodão do Molejão.

 

Como foi o processo de investigação desse estudo?

Foram coletados e analisados os dados da empresa comercial de genética 23andMe. Mais de 600 mil pessoas participaram desse estudo respondendo a um questionário que media o ritmo em função da música de cada um dos entrevistados.

É importante deixar claro que os entrevistados eram majoritariamente de origem europeia. Porém, esse detalhe não coloca o estudo por terra. Muito pelo contrário: boa parte das pessoas com descendência europeia que eu conheço são simplesmente péssimas de ritmo, e essa análise busca exatamente entender por que isso acontece com esse grupo em especial.

É claro que o estudo pode entregar resultados diferentes para outros grupos étnicos, e seria muito interessante descobrir por que os brasileiros e os africanos são tão bons de ritmo. Será que a formação dos genes desses grupos foi mais avançada ou elaborada que a dos europeus?

Nossa… que ousadia a minha escrever isso…

De qualquer forma, vamos analisar os resultados. E uma coisa fica bem clara: não existe um único gene humano responsável pelo ritmo. A capacidade de se movimentar em sincronia com um ritmo é algo incrivelmente complexo, e deixar todas as respostas para um único gene seria algo simplório para o corpo humano.

Os autores do estudo realizaram novas conexões entre a arquitetura genética e neural do ritmo musical, melhorando assim a compreensão de como os genomas humanos sintonizam os cérebros no ritmo da música. Isso pode ajudar a compreender por que as pessoas conseguem realizar uma coreografia de forma sincronizada, por exemplo.

De qualquer forma, se você não consegue reproduzir a coreografia da Macarena sem errar ou de forma totalmente desencontrada da sua avó (e das amigas dela, todas com mais de 80 anos) no final da festa de casamento de sua prima, a culpa é (muito provavelmente) dos seus pais.

Se você não quer passar essa maldição para os seus filhos e netos, vá para uma aula de dança o quanto antes e se esforce para fazer com que o seu cérebro aprenda estilos como tango, bolero, valsa e street dance.

Esse último é por minha conta. Afinal de contas, eu assisto escondido de todo mundo os filmes da franquia “Step Up”, famigeradamente conhecida no Brasil como “Ela Dança, Eu Danço”.

Sim, eu não me orgulho disso. Em compensação, eu não voto no Bolsonaro, o que me enche de orgulho.


Compartilhe
@oEduardoMoreira