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Como Bill Gates se tocou que o Windows tinha que existir

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Em 10 de novembro de 1983, Bill Gates apresentou ao mundo um projeto que viria a revolucionar o mundo da informática e dos computadores pessoais.

Nesse dia, ele anunciou oficialmente o nascimento Microsoft Windows, um “sistema operacional” destinado a aprimorar a experiência de uso do MS-DOS, introduzindo uma interface gráfica composta por janelas e área de trabalho. E as “aspas” era pelo simples fato de que a proposta ainda dependia do Microsoft Disk Operating System para funcionar.

Em meio a acusações de cópia da Apple e do Macintosh, fato é que o Windows 1.0 foi a pedra fundamental para um sistema operacional que seria dominante no mercado. E é importante entender como tudo isso aconteceu, 40 anos depois do seu anúncio.

 

Tudo era muito diferente em 1983

Em meio à crescente demanda por acessibilidade computacional, a Microsoft percebia que o MS-DOS criava uma barreira tecnológica para os novos usuários.

Eu tive a felicidade de começar a minha vida na informática com o MS-DOS (na verdade, eu comecei com o BASIC, mas falo mais sobre isso no futuro), que era um software robusto e estável para a época, e confesso que não encontrei muitas dificuldades em aprender o seu funcionamento.

Mas reconheço que isso não era para todo mundo. Quem não tinha a paciência de absorver as suas linhas de comando ficava parado diante da tela do computador, achando que aquilo era um ser alienígena.

Até meados dos anos 80, a Microsoft licenciava esse sistema de linha de comando para outras empresas, enquanto importantes programas como Lotus 1-2-3, dBase III Plus e AutoCAD coexistiam nesse ambiente até então primitivo. E apenas os nerds cabeçudos conseguiam usar essas plataformas com excelência.

 

Quando Gates se tocou que era hora de mudar

O desafio à hegemonia do MS-DOS surgiu na COMDEX de 1982, quando a empresa VisiCorp apresentou um sistema operacional com Interface Gráfica do Usuário (GUI). Naquele momento, o sinal de alerta soou para Bill Gates, indicando que era hora de evoluir além do MS-DOS e abraçar a revolução gráfica que se desenhava no horizonte da computação como um todo.

Foi assim que nasceu o “Interface Manager”, um programa da Microsoft que não buscava recriar o sistema operacional, mas sim expandir as capacidades do MS-DOS para uma proposta mais visual.

A estratégia para a implementação desse gerenciador de interface computacional envolvia negociações com fabricantes de computadores IBM PC compatíveis, pois Gates reconhecia a importância das parcerias na indústria, garantindo sempre a oferta de licenças.

Isso… e uma construção de um futuro monopólio que resultaria na dominância do Windows nos computadores. Tudo tem uma origem, minha gente. E só olhar para o passado e entender onde e como tudo começa.

É óbvio que a GUI não era uma invenção da VisiCorp, e muito menos da Microsoft, como já está claro neste artigo. O conceito já tinha vida no laboratório do Xerox PARC, inspirando inclusive um tal de Steve Jobs a implementá-lo no Apple Lisa.

Em 1983, o Lisa tornou-se o primeiro computador acessível ao público em geral com essa característica, já que recebia um sistema operacional completo, o Macintosh OS (que no futuro seria rebatizado para macOS).

Ou seja, a Microsoft estava bem atrasada nessa corrida. Mas Bill Gates é uma das pessoas mais inteligentes e astutas desse mundo, queimando a largada do seu Windows para (inclusive) despertar a ira de Steve Jobs.

 

Foi anunciado, mas não estava pronto

Bill Gates anunciou a existência do Microsoft Windows antes mesmo da versão 1.0 estar completamente concluída. O anúncio só deveria acontecer em 1984, mas para não dar tão na cara que ele copiou todo mundo na proposta de interface visual, antecipou o anúncio do sistema para 1983.

O objetivo do movimento era mais claro do que água mineral: mostrar ao mundo que a Microsoft não apenas estava na corrida tecnológica, mas que também estava determinada a dominar completamente a disputa, e com larga margem. As parcerias que Gates tanto respeitava jogavam como argumento a favor desse monopó… ops, desculpe… dessa liderança de mercado no futuro.

Lembra que eu disse no começo do artigo que Bill Gates ANUNCIOU o Microsoft Windows? Então… “anunciar” é bem diferente de “lançar o produto no mercado”.

O aguardado lançamento do Windows 1.0 finalmente ocorreu em 20 de novembro de 1985, após dois anos de intensa promoção e acordos estratégicos. Durante esse período, a Microsoft destacou as vantagens competitivas do seu sistema sobre seus concorrentes, incentivando a todos que esperassem pela sua solução.

 

As vantagens oferecidas pelo Windows 1.0

 

Uma dessas vantagens era bem tangível: o custo-benefício. Enquanto o Visi On exigia que os desenvolvedores investissem 20.000 dólares em um hardware específico para trabalhar com a plataforma, desenvolver softwares para o Windows apenas demandava o investimento em um PC IBM comum e nada mais.

Outra vantagem competitiva abordada pelo marketing da Microsoft era a garantia de compatibilidade de hardware para programas desenvolvidos para o Windows, independentemente das características do computador.

Por outro lado, a Microsoft pegou muita gente de surpresa ao alterar as especificações mínimas recomendadas para que o seu novo sistema operacional funcionasse com um computador. Os requisitos iniciais anunciados mencionavam 192 KB de RAM e duas unidades de disco removíveis, mas no seu lançamento, o Windows 1.0 necessitava de pelo menos 256 KB de memória RAM para operar.

Ou seja, não foi só com o Windows 11 que a Microsoft aprontou pegadinhas neste aspecto.

A interface gráfica inicial permitia aos usuários realizar multitarefas com diferentes janelas, embora a organização fosse menos versátil quando comparada com os sistemas operacionais modernos. Porém, os programas que dependiam do MS-DOS ainda eram executados em tela cheia, não em janelas dentro do desktop.

Por mais que o Windows fosse mais acessível no funcionamento, ele não era tão uniforme como o Macintosh, onde tudo funcionava dentro da interface visual o tempo todo. Mas não podemos culpar a Microsoft por isso: era a primeira versão de uma plataforma que só melhorou com o passar do tempo neste aspecto.

Além de programas de terceiros, a Microsoft incluiu diversos aplicativos próprias no lançamento do Windows 1.0. Alguns deles nos acompanham até hoje no Windows 11, como por exemplo Agenda, Calculadora, Paint, Bloco de Notas, Write, Terminal e Relógio.

E o conceito do Painel de Controle também foi lançado no Windows 1.0, e sobrevive até hoje, mas agora batizado como Configurações no Windows 11.

Hoje, o legado do Windows 1.0 é inquestionável, mesmo com todas as polêmicas e acusações de plágio. Ele marcou uma era na evolução tecnológica e promoveu uma revolução no mercado de computadores.

O Windows não só impulsionou a Microsoft para ser a gigante do software que o mundo conhece hoje, mas moldou de forma definitiva a forma como interagimos com os sistemas operacionais modernos.

E se não é o Bill Gates ser astuto e ficar esperto com os paranauês da informática ao seu redor, você jamais teria o Windows do jeito que ele funciona nesse momento no seu computador. Lamentar ou agradecer por isso é algo muito individual, mas é de senso comum reconhecer o Windows 1.0 como um importante capítulo da informática moderna.


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@oEduardoMoreira