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Elon dá, Musk tira, e Zuck aproveita

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A popularidade do Twitter nunca esteve tão ameaçada, diante de uma concorrência que se tornou ainda mais acirrada com a chegada do Threads. A nova plataforma de Mark Zuckerberg pode aproveitar os problemas recentes enfrentados pela plataforma do pássaro azul e prosperar no duelo pela relevância nas discussões online.

A trajetória do Twitter desde a aquisição forçada por Elon Musk tem sido comparada a uma montanha-russa em declínio. A rede social passou por cortes drásticos de pessoal e sistemas, resultando em uma série de problemas técnicos.

Esses problemas, alguns deles intencionais, estão entregando para Mark Zuckerberg o cenário perfeito para assumir o protagonismo na disputa pela “rede social mais relevante da internet”, na qual o Threads chega no momento oportuno.

 

As falhas cometidas pelo Twitter

Recentemente, a rede social que agora está sob o comando de Linda Yaccarino, limitou o número de tweets que os usuários podiam ver para apenas 600 (posteriormente, o limite foi aumentado para 800 e, em seguida, parece que o limite foi completamente removido).

Elon Musk atribuiu o problema a um ataque de negação de serviço distribuído (DDoS) que sobrecarregou os servidores do Twitter. No entanto, todos sabem que isso pode ser mais uma tentativa desesperada de evitar altos custos de hospedagem nos servidores da Amazon, uma falha em se preparar adequadamente para evitar sobrecarga.

Na prática, o próprio Twitter causou um ataque de negação de serviço por não estar preparado para operar com menos servidores. Musk afirmou que o problema foi causado por centenas de organizações copiando dados públicos do Twitter, mas isso não é verdade.

Todos esses problemas técnicos são resultado dos enormes cortes de pessoal e sistemas implementados por Elon Musk para tornar o Twitter lucrativo o mais rápido possível. No entanto, sob o comando de Musk, a rede social perdeu a maioria de seus grandes anunciantes e um número significativo de usuários, insatisfeitos com as decisões do homem mais rico do planeta.

Estudos indicam um aumento no ódio e na negatividade no Twitter, o que é bastante preocupante, considerando que a plataforma nunca foi conhecida por seu compromisso com o bem-estar dos usuários. E sem profissionais para cuidar da moderação das mensagens publicadas, não é difícil concluir que a rede social se tornou uma espécie de “terra sem lei”, um local para adeptos de discursos preconceituosos e extremistas.

Além disso, a assinatura Twitter Blue, que permite aos usuários acesso a melhorias como maior visibilidade e prioridade nas respostas, transformou-se em uma arma política e uma fonte de desinformação.

Os problemas técnicos são constantes, levando muitos usuários anteriormente ativos a reduzir sua atividade na plataforma e, em alguns casos, abandoná-la de uma vez por todas.

 

As oportunidades para outras plataformas

Enquanto o Twitter enfrenta problemas e rachaduras, outras empresas estão prontas para conquistar esses usuários, se apresentando como concorrentes diretos da plataforma de Elon Musk.

A Meta lançou o Threads, que essencialmente é um clone do Twitter. A plataforma é um dos concorrentes mais fortes da rede social do pássaro azul e parece ter um potencial muito maior para atrair e reter usuários do que outras propostas que surgiram como concorrentes, como BeReal, Mastodon e Koo, que foram abandonadas depois de um começo promissor.

O Threads se destaca por contar com os usuários atuais do Instagram como base, resolvendo o desafio de procurar por contatos, amigos e familiares em uma nova rede social. Dessa forma, a nova plataforma já começa com um grande número de usuários, cada um deles iniciando a vida no serviço com vários seguidores.

Essa nova plataforma pode marcar o início de um significativo êxodo de usuários do Twitter, especialmente aqueles insatisfeitos com todas as imposições estabelecidas por Musk em sua gestão.

O Twitter costumava ser como uma grande praça, onde qualquer pessoa poderia expressar suas opiniões e ideias para que fossem ouvidas por todos. Ao longo dos anos, políticos, figuras públicas e celebridades têm ganhado destaque com base em seus tweets, buscando relevância e repercussão de seus pensamentos junto ao público em geral.

No entanto, caminhamos para um futuro em que a informação estará mais dispersa, e mesmo que você escolha uma rede social específica, é provável que haja pessoas de seu interesse em outras plataformas. Com o Twitter limitando o consumo de conteúdo e ao mesmo tempo privilegiando determinados perfis na disseminação de informações, é difícil imaginar que os usuários acostumados à experiência na “era Jack Dorsey” aceitem essas mudanças controversas.

Agora, somando-se a isso a saturação de informações que a internet impõe a todos, surge uma pergunta quase inevitável: até que ponto você está disposto a usar várias redes sociais para se manter atualizado sobre tudo o que acontece?

 

O Twitter ainda tem um futuro?

Embora seja improvável que o Twitter desapareça completamente em curto e médio prazos, uma coisa é certa na internet: se seus contatos estiverem em uma nova rede social, é provável que você também acabe migrando para lá.

Ao longo dos últimos 20 anos, testemunhamos o êxodo de todos, saindo do Orkut e do MySpace e migrando para o Twitter e o Facebook. Depois, foi a vez do Instagram e do TikTok. Não é absurdo dizer que agora chegou a vez da rede social do pássaro azul ser vítima desse padrão histórico.

E é nesse ponto que reside o verdadeiro poder do Threads.

O destino dos usuários do Twitter ainda é incerto, mas se os usuários se cansarem e decidirem abandonar a rede social do pássaro azul, poderemos testemunhar um dos maiores êxodos de usuários desde a era do MySpace. No Brasil, o TikTok parece ser o grande beneficiado, pois já possui relevância e uma enorme base de usuários ativos. Mas teremos que esperar para ver se o Threads, assim como o Instagram, se tornará um grande sucesso ou se acabará sendo mais um projeto esquecido e fechado em poucos meses.

As primeiras impressões deixadas pelo Threads são muito positivas, e tudo indica que Mark Zuckerberg organizou bem as peças dessa vez. No entanto, se eu pudesse prever o futuro, não estaria aqui, escrevendo artigos que praticamente ninguém lê.

Em última análise, o futuro do Twitter nunca esteve tão ameaçado. Elon Musk deveria rever seus conceitos, mas é pouco provável que o faça.

Recomendo que você pense em qual rede social deseja compartilhar seus pensamentos em um futuro próximo.


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@oEduardoMoreira