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Que fim levou o Napster?

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Para muitos, o Napster marcou um antes e um depois na forma de acessar a cultura e de uso da internet. A criação dos aprendizes de hackers norte-americanos Shawn Fanning e Sean Parker revolucionou o mundo da música para sempre a partir de 1999.

O Napster foi um sucesso e, ao mesmo tempo, uma enorme dor de cabeça para as gravadoras e os advogados que representavam os vários protagonistas do universo musical que se sentiram ameaçados e lesados pela plataforma.

Vamos então entender o que aconteceu com o Napster, que teve uma ascensão e queda relativamente meteóricos, mas conseguindo em pouco tempo marcar o mundo da música de forma definitiva.

 

O auge do Napster

Para o Napster fazer sucesso, o MP3 tinha que aparecer antes. O formato que comprimia as músicas em arquivos digitais ganhou evidência em 1995, e permitiu que os usuários compactassem as faixas musicais de CDs em pequenos arquivos de áudio.

Para o armazenamento de músicas, o MP3 era excelente. Mas ainda faltava uma foram simples para acessar e distribuir esses arquivos. E foi aqui que o Napster entrou, introduzindo um novo conceito de compartilhamento: o P2P (peer-to-peer).

O auge do Naspter chegou rapidamente, entre o final de 2000 e o começo de 2001. Naquela época, aproximadamente 80 milhões de usuários ao redor do mundo trocavam arquivos em MP3 de forma enlouquecedora, congestionando tráfegos em diversas frentes.

Não demorou muito para os processos judiciais chegarem aos responsáveis pelo Napster, que tinha na banda Metallica a sua principal inimiga. Uma sentença judicial histórica a favor da RIAA (órgão responsável pela proteção dos direitos autorais de artistas e gravadoras nos Estados Unidos) promulgada em 12 de fevereiro de 2001 marcou o início do fim da plataforma.

O ponto mais sensível da sentença judicial é que a decisão exigia que o Napster instituísse um sistema de pagamentos para seguir oferecendo o serviço de compartilhamento em P2P. Em contrapartida, o dinheiro arrecadado era uma forma de compensar as gravadoras.

Em 6 de março de 2001, uma nova ordem judicial exigiu o bloqueio da rede do Napster para a troca de conteúdos protegidos por copyright, o que fez com que a plataforma começasse a morrer de vez. Ou pelo menos nessa primeira versão, que é a mais conhecida entre os internautas do passado.

De forma curiosa, Sean Parker, um dos cofundadores do Napster, se tornou o primeiro investidor e presidente do Facebook. Para quem não está associando nome à pessoa, ele é interpretado por Justin Timberlake no excelente filme “A Rede Social”, de Aaron Sorkin.

 

As lições deixadas pelo Napster (e depois do Napster)

O Napster renasceu meses depois para ser adquirida pela Roxio no valor de US$ 5.3 milhões pelos direitos da carteira de tecnologia, os direitos de imagem e as marcas comerciais da plataforma.

Depois, a Roxio mudou o nome de sua loja de músicas PressPlay para Napster 2.0 que, depois, foi adquirida pela Best Buy por US$ 12 milhões (detalhe: essa nova plataforma contava com mais de 700 mil clientes).

Em 2011, a Best Buy vendeu a plataforma para o serviço de streaming Rhapsody, que se rebatizou internacionalmente para simplesmente Napster em 2016, unificando em todo o planeta as duas plataformas.

Por fim, essa Napster foi adquirida por duas empresas do setor Web3, que estão integrando a plataforma para o ecossistema ‘cripto’.

Quem aprendeu muito com a Napster 1.0 foi a Apple, que viu naquela proposta uma oportunidade de negócios incrível. Não por acaso que a gigante de Cupertino lançou a iTunes Store em 2003, resolvendo assim o problema dos conflitos dos direitos autorais e, ao mesmo tempo, turbinando os diferentes modelos de iPod que a empresa comercializava desde 2001.

Por outro lado, o desaparecimento do Napster não acabou com a ameaça do P2P, tal e como pretendia a RIAA. Tal e como acontece com a cabeça da Hidra, um serviço foi eliminado, mas apareceram várias outras propostas similares no mercado.

O grande lance é que as novas cabeças também aprenderam que um servidor P2P centralizado (como o Napster) não funcionava diante dos possíveis processos de copyright que poderiam aparecer no futuro.

Então, todas as plataformas que apareceram depois (KazaA, Ares, eMule, eDonkey, etc) começaram a trabalhar com redes descentralizadas. E, assim, tivemos os primeiros passos para outra tecnologia que tira o sono de gravadores e estúdios de cinema: o BitTorrent.

Com o tempo, a indústria fonográfica deu o braço a torcer, aceitou as mudanças estabelecidas nos padrões de consumo de música, abandonou a obsessão em vender álbuns físicos de forma desenfreada e abraçou a aparição de serviços comerciais na internet que se tornaram muito populares, como por exemplo o Spotify e o próprio YouTube (Premium).


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@oEduardoMoreira