Press "Enter" to skip to content
Início » Desktops » Você se lembra do Macintosh Portable?

Você se lembra do Macintosh Portable?

Compartilhe

O Macintosh Portable foi apresentado em 1989, e foi o primeiro computador portátil da Apple. Ele nasceu antes mesmo de algum notebook ou laptop da empresa aparecer de forma oficial, o que torna a sua chegada ao nosso mundo algo ainda mais relevante.

O Mac Portable deixava claro como seria a evolução do segmento de computadores portáteis, e tudo o que veio depois dele foi algo simplesmente espetacular. Ele mostrava que havia sim um potencial para superar os computadores de mesa como o principal equipamento informático para os mais produtivos.

Vamos ver como foi a trajetória do Macintosh Portable, e entender como ele influenciou em nossa informática de consumo que conhecemos hoje.

 

Steve Jobs não teve nada a ver com isso

Em 1983, John Sculley chegou na Apple vindo da Pepsi. E tomou algumas decisões controversas no comando da empresa. E aqui, eu não estou falando especificamente da expulsão de um dos criadores da empresa, Steve Jobs.

Sculley permitiu que outros fabricantes criassem conversões ou clones de equipamentos Macintosh, algo que teria matado Jobs de desgosto. Mas foi pelas mãos dele que o Macintosh Portable apareceu ao mundo, definindo um ponto de mudança na história da própria Apple.

O produto foi oficialmente apresentado em 20 de setembro de 1989, e não se diferenciava muito dos primeiros computadores portáteis comerciais que chegaram ao mercado pelas mãos de fabricantes como Compaq, Toshiba ou HP.

Mas como era a Apple, alguma coisa o produto tinha que ter de diferente para convencer o consumidor médio a se interessar por ele. Na verdade, o simples fato de ser da gigante de Cupertino não era algo tão relevante assim, pois naquela época o gigante ainda estava adormecido.

Mesmo assim, o Macintosh Portable tinha as suas particularidades que chamaram a atenção de muitos entusiastas de tecnologia na época.

 

Um computador portátil “modular”, com muitas curiosidades

O Macintosh Portable não se destacava por uma singularidade de design, mas contava com um grande diferencial por oferecer uma alternativa aos usuários da Apple aos equipamentos de escritório já existentes na época.

O computador conta com uma tela LCD monocromática de 9.8 polegadas e uma bateria que era uma adaptação de uma bateria de carro que entregava uma surpreendente autonomia de 10 horas de uso. Na época, o tempo de funcionamento mais otimista de um computador portátil era de, no máximo, 3 horas longe da tomada.

Outro detalhe surpreendente do Macintosh Portable era a sua trackball, que era compatível para destros e canhotos interagirem com o sistema operacional. Por poder posicionar este elemento do lado esquerdo ou direito do teclado, era possível chamar este equipamento de “modular”.

Alguns pequenos segredos estavam escondidos no equipamento, como um carcaça com o logo da Apple gravado de forma direta, e pequenos detalhes de sua construção interna que eram visíveis pelo acabamento transparente.

Em sua apresentação oficial, o equipamento foi montado por completo diante dos presentes, a partir dos seus principais módulos. E até mesmo uma pequena piada na tela foi exibida para conquistar o coração de todos os presentes.

E muitos ficaram totalmente maravilhados com o dispositivo.

 

De portátil, ele tinha bem pouco

O Macintosh Portable era tudo, menos um computador exatamente portátil. Seu peso total era de aproximadamente 7 kg com a unidade de disco rígido conectada ao equipamento.

Outro problema do equipamento era o seu preço: sem a tal unidade de disco rígido, o Macintosh Portable tinha um preço de US$ 5.800 da época. Ou seja, era um produto muito caro em 1989 e no momento presente também.

Por mais que a Apple tenha reduzido esse valor sugerido com o passar do tempo, o marketing do Macintosh Portable nunca funciono muito bem. O equipamento era orientado para os pequenos deslocamentos diários, mas foi vendido para escaladores e adeptos de esportes de aventura.

Sim, o vídeo de apresentação até mostrou um executivo transportando o Macintosh Portable de forma elegante, mas isso não se aplicava no mundo real e prático. A mensagem do marketing da Apple era basicamente a mesma que outros fabricantes de equipamentos similares transmitiam na época, na tentativa de oferecer um produto que atuasse como substituto do computador tradicional, algo que jamais esse tipo de equipamento conseguiu cumprir.

As vendas deste equipamento foram muito débeis, com aproximadamente 10 mil unidades comercializadas pela Apple no seu primeiro trimestre de vida. Estima-se que foram vendidas 1.000 unidades do Mac Portable por mês.

Na prática, os computadores portáteis apresentados pelos fabricantes na época tinham muito pouco de portáteis e estavam muito longe de oferecerem configurações equivalentes aos computadores de mesa da época, que eram muitos mais baratos e aproveitáveis para um grande público.

 

A Apple aprendeu com o fracasso

A Apple aprendeu algumas lições importantes com a experiência do Macintosh Portable. No final de 1991, a empresa apresentou as primeiras versões do PowerBook, que eram notebooks menos potentes que os seus computadores de mesa, mas menos pesados e bem menos caros, custando US$ 2.500.

O PowerBook era uma boa opção para algumas pessoas, pois o trackball ficava no centro e abaixo do teclado, antecipando a posição dos futuros touchpads. Sem falar no seu maior potencial para a produtividade combinada com mobilidade.

Resultado: a Apple vendeu 400 mil unidades do PowerBook. E esse sucesso comercial foi o ponto de partida para toda uma evolução da empresa dentro desse segmento de produto. Depois disso, a empresa lançou o mítico iBook, que foi a inspiração para o MacBook, notebooks que marcaram o ponto de maturidade definitivo da marca com os computadores portáteis.

O MacBook deu tão certo, que deixou de ser o segundo computador de muitos usuários para ser o primeiro e único equipamento informático que muitos optaram para trabalhar, estudar e consumir entretenimento todos os dias.

Até que o iPhone chegou, e mudou tudo. Mas isso é outra história.


Compartilhe
@oEduardoMoreira